
Zema minimiza ditadura e promete perdoar Bolsonaro se virar presidente
Governador de Minas diz que regime militar é “questão de interpretação” e defende indulto ao ex-presidente
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), deixou claro que, se for eleito presidente em 2026, concederia um indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na tentativa de justificar a promessa, Zema relativizou até a própria história do país, classificando a ditadura militar (1964–1985) como algo que depende de ponto de vista.
— “Eu não sou historiador, nunca me aprofundei no tema. Acho que é uma questão de interpretação”, desconversou Zema em entrevista à Folha de S. Paulo, enquanto desenha seu projeto como pré-candidato à Presidência.
O mineiro ainda comparou o possível perdão a Bolsonaro com a anistia concedida aos militantes de esquerda no fim da ditadura. — “Se sequestradores e assassinos foram anistiados, por que você não vai conceder também?”, argumentou.
Quando questionado de forma direta se reconhecia que o Brasil viveu uma ditadura, Zema fugiu da resposta:
— “Prefiro não responder. Existem interpretações distintas.”
🤝 Aliança com Bolsonaro (ou quase)
Zema tem evitado criar qualquer atrito direto com Jair Bolsonaro. Disse, inclusive, que não disputaria a eleição se o ex-presidente decidir ser candidato. Mas abriu uma brecha: se o nome da direita for um dos filhos de Bolsonaro ou até a ex-primeira-dama Michelle, aí ele entra no jogo.
— “Se for ele (Bolsonaro), com certeza a direita estará unida. Mas, se for um filho, a situação já muda um pouco”, declarou.
Ele também não descartou enfrentar outro nome forte da direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos):
— “Está tudo muito incerto ainda. Vamos ter que esperar pra ver.”
🌎 Zema mira no estilo Bukele e elogia Milei
Zema tem tentado colar sua imagem a líderes conservadores da América Latina. Na última semana, foi até El Salvador, onde elogiou o modelo de segurança do presidente Nayib Bukele, mesmo diante de denúncias graves de violações dos direitos humanos.
— “Lá, a vida mudou da água para o vinho”, afirmou, defendendo que o Brasil poderia seguir o mesmo caminho, bastando — nas palavras dele — “coragem para prender quem mata e quem rouba”.
Sobre as críticas de perseguição política contra Bukele, Zema relativizou:
— “Hoje eles têm liberdade de ir e vir, coisa que não tinham antes.”
O governador também rasgou elogios ao presidente argentino Javier Milei, embora tenha dito que não pretende aplicar um choque tão radical na economia brasileira. — “O que falta não é fórmula, é coragem”, resumiu.