
🔨 Obras emperradas: PAC já gastou R$ 700 bi, mas metade dos projetos ainda nem saiu do papel
Programa de Lula patina na execução: 11 mil obras seguem só na promessa; maior parte do dinheiro vem da iniciativa privada
O Novo PAC, vitrine do governo Lula para impulsionar o crescimento do país, já mobilizou mais de R$ 700 bilhões em dois anos. O problema? Quase metade das obras ainda não começou. O plano que prometia acelerar o Brasil anda a passos lentos, com milhares de projetos presos em burocracias e licenças.
De agosto de 2023 até dezembro de 2024, período coberto pelo balanço da Casa Civil, o programa colocou em andamento pouco mais de um terço das 23 mil obras previstas. Até agora, foram entregues apenas 3.800 empreendimentos — enquanto 11,2 mil seguem na fase de “preparação”, ou seja, nem chegaram perto de sair do papel.
💰 Investimentos até agora: R$ 711 bilhões
📅 Meta até 2026: R$ 1,3 trilhão
🧮 O que já foi gasto equivale a 55% do total previsto até o fim do governo Lula
Quem está pagando essa conta?
Apesar da grandiosidade dos números, o PAC atual depende majoritariamente de recursos que não vêm do cofre da União. Apenas 10% dos investimentos até aqui (R$ 71,3 bilhões) saíram do Orçamento Federal.
A maior parte vem da iniciativa privada, via concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs), que já colocaram R$ 345 bilhões no programa. Em seguida, vêm os financiamentos com recursos como o FGTS, que somam R$ 183 bilhões. Estatais como a Petrobras colaboraram com R$ 106 bilhões. Fundos setoriais completaram o bolo com R$ 5,1 bilhões.
Ou seja, enquanto o setor privado e os financiamentos puxam o carro, o dinheiro direto do governo ainda engasga.
E as obras?
O balanço mostra um retrato de lentidão:
- 11.181 obras (48,6%) estão apenas em fase de “preparação”: esperando licenças, em estudos, ou com projetos ainda no papel;
- 2.836 (12,3%) estão em fase de licitação ou leilão;
- 5.178 (22,4%) estão em andamento;
- Apenas 3.800 (16,6%) foram concluídas.
Muitas dessas obras paradas fazem parte do PAC Seleções, voltado para projetos propostos por estados e municípios. Nesses casos, o governo federal atua só como financiador e facilitador. Mas a lentidão tem incomodado o Planalto. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, já começou uma espécie de “caravana de pressão” pelo país para tentar acelerar os trâmites locais.
Histórico dos PACs
O primeiro PAC foi lançado em 2007, no segundo mandato de Lula, e virou símbolo da era petista. Em seus dois primeiros anos, entregou 11% das obras com R$ 239,9 bilhões investidos. O PAC 2, sob Dilma, teve desempenho melhor: 46% das obras finalizadas em dois anos e R$ 472 bilhões gastos.
Agora, no PAC 3, apesar dos valores recordes, a execução patina. A promessa de acelerar o crescimento vira, mais uma vez, um lembrete de que dinheiro e intenção não bastam — é preciso fazer o Brasil andar, não só prometer que vai correr.