
🚨 IOF sobe, cai… e bagunça seus investimentos:
Decisões do governo acendem alerta no mercado e pesam no bolso de quem investe em dólar, ações, renda fixa e até na aposentadoria
Em mais um capítulo da série “decide e volta atrás”, o governo anunciou na noite de quinta-feira (22) um aumento no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para empresas, câmbio e previdência. Mas bastaram algumas horas para o próprio governo recuar parcialmente, cancelando a cobrança sobre remessas para fundos no exterior — tudo isso, segundo o ministro Fernando Haddad, para evitar “especulações” que poderiam assustar investidores estrangeiros.
O mercado, claro, reagiu na hora. O índice EWZ, que reflete ações brasileiras em Nova York, desabou 2,11%. O dólar subiu, o Ibovespa começou o dia no vermelho (mas depois se recuperou) e os juros futuros dispararam — reflexo claro de que, quando Brasília cria incerteza, quem paga é o investidor.
Mas o problema não para por aí. A confusão com o IOF jogou mais lenha na fogueira da insegurança fiscal e jurídica do Brasil. E isso tem efeito direto no seu bolso — seja você investidor de renda fixa, da bolsa, do dólar ou até quem está pensando na aposentadoria.
💸 Títulos públicos? Só pagando mais!
Guilherme Almeida, especialista da Suno Research, explica que quando o mercado sente cheiro de risco, ele exige mais retorno. Foi o que aconteceu nesta sexta (23): os títulos públicos dispararam e chegaram a pagar mais de 14% ao ano para quem segura esses papéis até 2032.
Se os juros dos títulos do governo sobem, o custo de todos os outros investimentos sobe junto. “O mercado quer um prêmio maior para correr o risco de investir no Brasil. Isso gera mais volatilidade e deixa tudo mais caro para quem quer investir”, resume Almeida.
📉 Empresas sufocadas e bolsa sob pressão
Além de bagunçar o mercado, o aumento do IOF atinge em cheio as empresas. A alíquota subiu de 1,88% para até 3,95% ao ano. Para quem é do Simples Nacional, foi de 0,88% para 1,95%. O problema? Crédito mais caro num país que já tem juros estratosféricos, com a Selic a 14,75%.
“Isso comprime a margem de lucro, trava novos investimentos e pressiona o preço das ações na bolsa, principalmente em setores como construção civil, varejo e infraestrutura, que vivem de financiamento”, alerta Juliana Tomaz, gestora da Asset Management Warren.
🌎 Investidor estrangeiro levanta a sobrancelha…
Quem segurou o Ibovespa nas últimas semanas foram os gringos, que despejaram mais de R$ 20 bilhões no Brasil em 17 pregões. Só que essa confiança começou a balançar.
“O investidor lá de fora odeia instabilidade. E o governo, ao mudar as regras do jogo de uma hora pra outra, joga contra a própria atratividade do país”, afirma Marcelo Simões, da Terra Investimentos.
Almeida concorda: “Quando o risco sobe, o gringo pensa duas vezes antes de colocar dinheiro aqui. E isso pode esfriar o fluxo de entrada no país”.
💵 Investir em dólar ficou mais caro
O dólar disparou 1,03%, chegando a R$ 5,721. E pra quem gosta de diversificar lá fora, o governo deu aquela complicada: o IOF sobre compra de moeda em espécie subiu de 1,1% para 3,5%, e nas transações com cartão (débito, crédito ou pré-pago) passou de 3,38% para 3,5%.
“Fica mais caro proteger seu patrimônio em dólar ou investir no exterior. E olha que o governo ainda recuou na taxação dos fundos lá fora. Imagina se não tivesse”, comenta Simões.
Mesmo assim, Juliana lembra: quem busca proteção cambial ou diversificação internacional vai ter que colocar o custo do IOF na conta, mas isso não significa que o dólar deixa de ser uma boa estratégia.
🧓 E até a aposentadoria entrou na roda…
O decreto também criou uma nova taxa de 5% para planos de previdência privada com aportes acima de R$ 50 mil por mês. Para Julio Ortiz, CEO da CX3 Investimentos, a medida tem mais cara de desestímulo do que de arrecadação eficiente.
Juliana reforça: “Isso pode afastar investidores da previdência privada e empurrar muita gente para buscar outras formas de planejar a aposentadoria”.
🔑 O que fazer diante desse caos?
A palavra mágica continua sendo diversificação. Henrique Soares, planejador financeiro, dá a dica: combine ativos no Brasil com fundos que investem no exterior — que seguem livres do IOF sobre remessas. E olhe também para ativos atrelados ao dólar, como ações exportadoras, ETFs e fundos cambiais.
“Quem diversifica e se antecipa sofre menos com essas mudanças repentinas do governo”, conclui Henrique.