
🚨 “Não é maquiagem em estátua”: Diretor da PF critica projeto de anistia
Andrei Rodrigues condena tentativa de apagar crimes de 8 de Janeiro e defende punição exemplar
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, foi direto ao ponto ao se posicionar contra o projeto de anistia para os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro. Durante sua participação na 11ª edição da Brazil Conference, em Harvard, ele classificou como “inaceitável” a ideia de deixar impunes crimes tão graves contra a democracia brasileira.
Segundo Andrei, não se trata de “pichação ou depredação comum”, mas de um plano articulado para assassinar líderes da República e romper com o regime democrático. “Isso deveria chocar qualquer pessoa minimamente consciente do que é viver em um Estado de Direito”, afirmou ele, em um painel ao lado do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Ainda em sua fala, o diretor destacou que os ataques tiveram potencial de gerar consequências imprevisíveis para o país. “Estamos falando de vandalismo contra patrimônios históricos, mas, acima de tudo, de ataques às instituições brasileiras. Não dá para tratar isso com leniência”, alertou.
Andrei também comentou que respeita o Congresso Nacional e reconhece seu papel nas decisões legislativas, mas frisou que crimes dessa magnitude precisam ser enfrentados com firmeza. “Tenho opinião formada e muito clara: não se pode passar a mão na cabeça de quem atentou contra a democracia. A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República foi primorosa, e esses crimes precisam ser punidos.”
Questionado sobre sua relação com o presidente Lula, o diretor da PF tratou com ironia as especulações sobre possível alinhamento político. “É engraçado esse tipo de suposição. Meu cargo é de confiança institucional, não de amizade. Minha relação com o presidente é institucional, como deve ser.”
Rodrigues também fez questão de destacar que, sob sua gestão, a Polícia Federal atua com independência e discrição. Sem citar diretamente a Lava Jato, ele criticou o uso midiático de operações no passado. “Não tem mais preso algemado em horário nobre. Não tem coletiva com show de powerpoint. A PF não faz mais espetáculo, faz investigação séria. Não há delegados-celebridade. Isso é passado.”
A fala do diretor-geral vai na contramão de movimentos no Congresso que tentam acelerar a votação do projeto de anistia. Segundo levantamento recente, mais da metade das assinaturas pedindo urgência ao texto partem justamente da base governista.