
🚨 PRF fora da pista: Lewandowski acusa corporação de invadir atribuições da PF e manda suspender convênios com o MP
Ministro da Justiça reage com indignação à atuação da PRF em operações que fogem completamente de seu papel constitucional. Para ele, está na hora de cada força voltar ao seu “quadrado”.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, não mediu palavras ao criticar a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em audiência no Senado nesta quarta-feira (9), ele afirmou com firmeza que a corporação passou dos limites ao sair das estradas e se meter em ações que são, por lei, responsabilidade da Polícia Federal e das polícias civis.
“Isso é uma invasão de competência. É inaceitável”, disparou o ministro, visivelmente incomodado.
Lewandowski se referia às operações em que a PRF vem participando de prisões, buscas e apreensões — tarefas que, segundo ele, não cabem à corporação. Uma das situações mais emblemáticas foi a operação na Cracolândia, em São Paulo, onde a PRF apareceu ao lado do Ministério Público para prender uma suposta milícia composta por guardas civis.
“Fiquei estarrecido. A PRF não tem que estar invadindo comunidade, casa de gente ou muito menos gabinete de parlamentar. Isso não é papel dela”, afirmou. “Cada qual no seu quadrado”, completou, numa fala que traduz bem o sentimento de que a confusão de papéis está virando regra — e não exceção.
Diante dessa escalada, o ministro apoiou a suspensão dos convênios entre a PRF e órgãos como o Ministério Público, que liberavam agentes rodoviários para trabalhar nos chamados Gaecos — grupos de combate ao crime organizado.
Segundo Lewandowski, o objetivo agora é colocar ordem na casa. A PRF só poderá atuar fora das rodovias federais em casos excepcionais, como situações de calamidade ou grandes ameaças à segurança, e ainda assim com autorização expressa do diretor-geral da corporação e do próprio ministério.
“Não se trata de impedir a colaboração entre as forças de segurança. Mas sim de evitar abusos e garantir que a Constituição seja respeitada. A PRF precisa parar de brincar de Polícia Federal”, disse o ministro.
A fala de Lewandowski escancara um problema institucional que vinha sendo tolerado há tempo demais. Em vez de focar no trânsito, nas estradas e na segurança viária, a PRF estava se metendo em ações complexas, cercadas de riscos jurídicos e políticos.
O alerta foi dado. Agora, a pergunta que fica é: a PRF vai recuar, ou vai insistir em ocupar um espaço que não lhe pertence?