Advogado aponta fragilidade em denúncia da PGR contra preso do 8 de janeiro
O advogado Ezequiel Silveira, que atua na defesa de Daniel Bressan, detido por causa do 8 de janeiro, afirmou que um processo da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra seu cliente é frágil. Com base em um laudo da Polícia Federal (PF), a PGR comunicou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o manifestante esteve no interior do Palácio do Planalto. A perícia, no entanto, não concluiu ser Bresser a pessoa que aparece nas câmeras de segurança. Em uma escala de -4, na qual há pouquíssimas chances de ser a mesma pessoa, e +4, que vai na direção oposta, a análise chegou no patamar -1.
De acordo com o documento, os resultados da análise “enfraquecem levemente” a hipótese de que os indivíduos sejam a mesma pessoa. Apesar disso, a PGR informou na denúncia que, segundo PF, a presença do homem se confirmou na sede do Executivo.
“São pequenas as chances de que o indivíduo das imagens seja o denunciado”, afirmou o advogado, em uma petição ao STF. “O cabelo do homem denunciado é mais volumoso; 2) a entrada na fronte é mais profunda e afinada; 3) os óculos são de modelos diferentes; 4) há uma pinta escura e de tamanho razoável no lado esquerdo da boca do denunciado que não aparece no outro indivíduo; 5) o denunciado aparenta ser mais novo que o indivíduo; 6) as orelhas do denunciado são mais protuberantes e descoladas do crânio.”
Além disso, de acordo com a defesa, Bressan estava usando uma roupa distinta daquela imputada a ele pela PGR. “Assim, não havendo adentrado em qualquer prédio público, é impossível que o denunciado tenha cometido os crimes a si imputado”, observou Silveira.
Aditamento de denúncia de preso pelo 8 de janeiro
No dia 26, o STF aceitou o pedido de aditamento da PGR. Dessa forma, Bressan saiu do Inquérito 4.921 (mais brando) e foi transferido para o 4.922 (mais rígido).
Dessa forma, ele agora responde por cinco crimes, em vez de apenas dois, e perde o direito de fazer o acordo de não persecução penal oferecido pela PGR aos presos no Quartel-General (QG). Caso seja condenado, Bressan pode pegar até 17 anos de cadeia.
A PF prendeu o homem no acampamento em frente ao QG. Depois de 65 dias detido na Papuda, Bressan deixou a cadeia e voltou para Jussara (PR).
Atualmente, Bressan usa tornozeleira eletrônica e cumpre outras medidas restritivas. Ele perdeu o emprego de vendedor de consórcios da Honda e hoje sobrevive graças ao dinheiro oriundo de “bicos”.