
Advogado de Mauro Cid se revolta e manda recado à PGR: “Não deve explicação a ninguém”
Cezar Bitencourt rebate pedido de prisão de Cid, ignora suspeita de fuga e diz que vida do cliente “segue normalmente” apesar da investigação
O advogado Cezar Bitencourt, que defende o tenente-coronel Mauro Cid, reagiu com dureza à Procuradoria-Geral da República (PGR) após o órgão pedir a prisão do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Segundo ele, Cid não deve satisfação sobre a viagem de sua família aos Estados Unidos e disparou: “Dane-se o PGR. A vida do Cid segue como se esse processo nem existisse.”
A declaração foi feita logo após o procurador-geral Paulo Gonet apontar suspeitas de que a família de Cid estaria ajudando o militar a deixar o Brasil — possibilidade que também envolveria o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, preso temporariamente sob suspeita de auxiliar na obtenção de um passaporte português para Cid.
Embora a Polícia Federal tenha ido até a casa do militar para cumprir um mandado de prisão, a ordem foi revertida antes da detenção ser efetivada. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu a medida pouco antes da chegada dos agentes. Ainda assim, foi aberta uma operação para apurar a suspeita de tentativa de fuga, que veio à tona após a ida dos familiares de Cid aos EUA no fim de maio.
A família, composta pelos pais, esposa e uma das filhas do tenente-coronel, embarcou no dia 30 de maio com destino a Los Angeles, com conexão na Cidade do Panamá. O motivo, segundo a defesa, seria a festa de 15 anos da sobrinha de Cid. Para Bitencourt, isso não tem relação com o processo. “A família está nos EUA sem previsão de retorno. Eles não têm nada a ver com isso e não devem explicações a ninguém. O Cid está proibido de sair do país há mais de um ano e continua cumprindo as regras impostas pela Justiça”, afirmou.
Apesar disso, há passagens compradas para o retorno da família em 20 de junho — o que contraria a versão de que não há data de volta.
O advogado também minimizou o fato de o militar ter solicitado reconhecimento da cidadania portuguesa — processo iniciado em fevereiro de 2023 e finalizado em 2024. A defesa diz que a carteira de identidade portuguesa é apenas um documento de uso interno no país europeu, sem implicações migratórias automáticas.
Bitencourt também destacou que parte da família de Cid já vive nos Estados Unidos há anos. O irmão dele, Daniel, mora na Califórnia, onde cuida de uma das filhas do tenente-coronel, e o pai também viveu por lá durante o governo Bolsonaro, quando comandava o escritório da Apex em Miami.
Questionada, a PGR optou por não se manifestar.