Após longa espera, Lula escolhe Carlos Brandão para o STJ

Após longa espera, Lula escolhe Carlos Brandão para o STJ

Nome do TRF-1 tem apoio de Nunes Marques, Wellington Dias e lideranças do Piauí

Depois de mais de seis meses de indefinição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalmente bateu o martelo e escolheu o desembargador Carlos Brandão, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), para ocupar uma das cadeiras abertas no Superior Tribunal de Justiça (STJ) desde 2024. A indicação será publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

Natural do Piauí, Brandão já era o nome favorito de Lula e contou com o apoio de aliados de peso, como o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e o governador do estado, Rafael Fonteles (PT).

A escolha foi feita a partir de uma lista tríplice formada em outubro do ano passado. Além de Brandão, estavam na disputa as desembargadoras Daniele Maranhão Costa, também do TRF-1, e Marisa Ferreira dos Santos, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

Com 33 ministros, o STJ é composto por representantes da Justiça Estadual, da Justiça Federal, da advocacia e do Ministério Público. Esta é a segunda indicação de Lula para a Corte em seu terceiro mandato — a primeira foi Daniela Teixeira, nomeada em 2023.

🏛️ Outra vaga no STJ segue travada por disputa política

Se a escolha de Brandão já está sacramentada, a definição da segunda vaga — destinada ao Ministério Público — segue emperrada. A favorita é a procuradora Maria Marluce Caldas, do MP de Alagoas. Ela, no entanto, enfrenta um obstáculo que vai muito além dos critérios técnicos: a complexa engrenagem da política local.

Marluce é tia do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar disso, JHC tem sinalizado aproximação com o governo Lula e até cogita mudar de partido, o que pode destravar o apoio necessário para sua tia assumir o posto.

O problema é que JHC é aliado de Arthur Lira (PP), presidente da Câmara e figura central no xadrez político nacional, além de ser rival declarado do senador Renan Calheiros (MDB), pai do ministro dos Transportes, Renan Filho. A definição desse tabuleiro em Alagoas pode impactar diretamente os palanques das eleições de 2026.

Há quem aposte que JHC deixará a prefeitura para disputar o governo estadual, possivelmente abrindo espaço para um acordo com Lula. Por outro lado, se permanecer no cargo, Lula pode reforçar o apoio ao grupo dos Calheiros, que hoje sustenta o governador Paulo Dantas (MDB).

Enquanto isso, outros nomes seguem no páreo, mas com menos força. O procurador Sammy Barbosa Lopes, do MP do Acre, perdeu fôlego nas articulações, e o subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, do Ministério Público Federal, corre por fora.

No fundo, o que deveria ser uma decisão técnica virou peça de barganha no jogo político — mais uma vez, confirmando que, no Brasil, até vaga em tribunal tem preço na mesa da política.

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