
Barroso revela que apoio dos EUA ajudou a barrar tentativa de golpe no Brasil
Ministro do STF relata em evento nos EUA que buscou declarações públicas de Washington para conter riscos à democracia brasileira
Durante participação na Brazil Week, evento realizado pelo LIDE em Nova York, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, fez uma declaração que levantou muitas sobrancelhas: segundo ele, o apoio dos Estados Unidos foi essencial para impedir uma tentativa de golpe no Brasil.
Barroso afirmou que, nos tempos em que comandava o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), manteve contatos frequentes com diplomatas norte-americanos. Em pelo menos três ocasiões, pediu diretamente ao governo dos EUA que se manifestasse em defesa da democracia brasileira. “Uma dessas vezes foi dentro do próprio Departamento de Estado. Acredito que essas declarações tiveram impacto, principalmente porque os militares brasileiros evitam confrontos com os EUA — afinal, é de lá que vêm boa parte dos equipamentos e treinamentos que utilizam”, disse o ministro.
A fala de Barroso ocorre em um momento delicado: o Supremo analisa a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 aliados, todos acusados de tramar um golpe de Estado. Segundo a Procuradoria-Geral da República, o plano não avançou justamente por falta de respaldo da cúpula das Forças Armadas.
Ao ser questionado por jornalistas sobre as críticas feitas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que cobrou mais “autocrítica” por parte dos poderes, Barroso foi diplomático, mas firme: “O deputado Motta conduz muito bem a Câmara. Já o Supremo tem sua missão de interpretar a Constituição — e faz isso com equilíbrio.”
A fala do ministro reforça a percepção de que, mesmo nos bastidores internacionais, o destino da democracia brasileira depende de muitos fatores — inclusive da pressão vinda de fora.