Barulho Sem Limites: Ricardo Nunes Sanciona Lei Polêmica em São Paulo
Prefeito autoriza shows e eventos sem restrição sonora, gerando indignação e temores sobre qualidade de vida
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), deu um passo ousado ao sancionar uma lei que elimina o limite de barulho para shows e eventos de grande porte na cidade. A medida, publicada em edição extraordinária do Diário Oficial, tem provocado revolta entre moradores e especialistas, que apontam o risco de danos irreparáveis à qualidade de vida urbana e ao meio ambiente.
Silêncio Urbano em Xeque
A nova legislação, que altera as regras do Programa Silêncio Urbano (PSIU), isenta eventos com público entre 5 mil e 40 mil pessoas, além de atividades escolares, de qualquer fiscalização sonora. Sem estabelecer limites claros ou horários regulamentados, a decisão deixa bairros residenciais vulneráveis ao caos acústico.
Enquanto o prefeito argumenta que a medida impulsionará a economia local, especialistas alertam que o impacto nos moradores será profundo. “Não é só barulho, é saúde pública. O silêncio noturno é essencial para o bem-estar das pessoas”, comenta um urbanista.
Impacto Ambiental e Árvores Derrubadas
Como se não bastasse, o projeto inclui a extensão de um aterro sanitário em São Mateus, que resultará na derrubada de cerca de 10 mil árvores. Essa decisão, criticada por ambientalistas, é vista como um retrocesso em tempos de crise climática.
“Estamos sacrificando o verde em nome de interesses econômicos imediatos. Quem paga a conta é o meio ambiente e as próximas gerações”, afirma uma ambientalista.
Entre Shows e Interesses Econômicos
Nunes defendeu a lei destacando que eventos como os realizados no Allianz Parque geram empregos e movimentam a economia. No entanto, essa justificativa não convence aqueles que consideram que o crescimento econômico não pode vir à custa do sossego dos moradores e da destruição ambiental.
“Não somos contra o progresso, mas onde está o equilíbrio? O cidadão comum vai pagar com noites em claro e calor insuportável pela falta de árvores”, protesta um morador da Zona Oeste.
Próximos Passos e Desafios
Com a lei sancionada, resta saber como será a regulamentação dos limites sonoros e o impacto dessas mudanças no dia a dia dos paulistanos. Para muitos, o cenário aponta para mais desigualdade, onde o lucro de poucos prevalece sobre o bem-estar da maioria.
O que parecia uma tentativa de modernizar a cidade agora soa como um grito de descaso com quem vive nela. Enquanto a música toca alta nos grandes eventos, os moradores, silenciosamente, clamam por respeito.
