
Bolsonaro Admite Debates Sobre Estado de Sítio e Defende Anistia
Ex-presidente tenta minimizar acusações e elogia aliados enquanto discute ações controversas no período pós-eleitoral
Jair Bolsonaro admitiu, em entrevista à Revista Oeste nesta quinta-feira (28), que discutiu com militares a possibilidade de decretar estado de sítio, estado de defesa ou a aplicação do polêmico artigo 142 da Constituição para convocar uma intervenção militar. A fala ocorre em meio a investigações sobre uma tentativa de golpe, pela qual ele e mais 36 aliados foram indiciados pela Polícia Federal.
Discussões com Militares e Polêmica do Artigo 142
Durante a entrevista, Bolsonaro reconheceu que conversou com membros das Forças Armadas sobre medidas extremas:
“Os militares dizem que discutiram comigo hipóteses de 142, de estado de sítio, estado de defesa. Eu discuti, sim. O que está dentro da Constituição você pode utilizar”, afirmou o ex-presidente.
No entanto, o artigo 142, citado por Bolsonaro, estabelece que as Forças Armadas estão subordinadas ao presidente da República, sem qualquer previsão legal de intervenção militar por iniciativa própria.
Defesa de Anistia para Investigados
Bolsonaro também defendeu uma “anistia” para os envolvidos nos atos golpistas, sem detalhar se incluiria os que invadiram a sede dos Três Poderes em 8 de janeiro. Segundo ele, Lula e o ministro Alexandre de Moraes deveriam apoiar a medida para pacificar o país:
“Zera o jogo daqui para a frente”, declarou.
Elogios a Arthur Lira e Episódio na Embaixada da Hungria
O ex-presidente aproveitou a entrevista para exaltar o presidente da Câmara, Arthur Lira, que criticou o indiciamento de dois deputados federais por discursos no plenário. Lira defendeu a imunidade parlamentar, o que recebeu apoio explícito de Bolsonaro:
“Digo para os cem deputados que tenho na minha rede do zap [WhatsApp] prestigiarem o Arthur Lira, elogiarem ele.”
Além disso, Bolsonaro comentou sobre sua estadia na embaixada da Hungria em Brasília no início do ano, logo após a apreensão de seu passaporte pela Polícia Federal:
“Eu fui para conversar, tinha que conversar lá. Não sabia que precisava de passaporte para entrar em embaixada”, ironizou, tentando desviar as críticas sobre o episódio.