
Bolsonaro pressiona por CPMI do INSS e envolve irmão de Lula em vídeo de campanha
Em propaganda do PL, ex-presidente critica descontos irregulares e cita sindicato ligado ao Frei Chico, irmão de Lula
O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a usar sua influência para pedir a instalação de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) sobre o INSS, em vídeos de campanha divulgados pelo PL nesta terça-feira. Na peça, ele destaca casos de idosos que sofreram descontos indevidos em seus benefícios e acusa o governo atual de omissão. Bolsonaro aproveitou para mencionar o irmão do presidente Lula, Frei Chico, que preside um dos sindicatos investigados pela Polícia Federal.
No vídeo, Bolsonaro conversa com dois aposentados que reclamam das cobranças ilegais. Ele aponta que os descontos vêm de sindicatos e associações que, segundo ele, se dizem defensores dos aposentados, mas na prática agem de forma contrária. “Até o irmão do Lula está à frente de um desses sindicatos que descontava dos idosos”, afirmou Bolsonaro, reforçando que “não existe crime pior do que roubar quem já trabalhou a vida toda.”
O sindicato citado é o Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), comandado por Frei Chico desde 2018, que arrecadou cerca de R$ 90 milhões em 2023. Em nota, o sindicato disse que foi quem denunciou irregularidades e que apoia as investigações da Polícia Federal, após a operação que revelou o esquema no mês passado.
Bolsonaro não poupou críticas ao atual governo, dizendo que “aposentadoria é coisa sagrada” e que “quem rouba, não cuida”. Ele garantiu que muitos parlamentares também estão revoltados com a situação e prometeu agir para que os descontos indevidos sejam retirados e que o dinheiro seja devolvido aos aposentados.
Em outra propaganda veiculada na TV, Bolsonaro cobra diretamente a abertura da CPMI, destacando que o PT não assinou o pedido, e reforça que o objetivo é cobrar a devolução de cada centavo desviado das mãos dos inativos e pensionistas.
O requerimento para criar a comissão foi protocolado no início do mês, com 41 senadores e 236 deputados assinando. Porém, a efetivação da CPMI depende da leitura do pedido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que anunciou que isso ocorrerá em uma sessão conjunta da Câmara e Senado prevista para 17 de junho. A demora em aprovar a comissão parece estar alinhada com a estratégia do governo federal de ganhar tempo para reforçar sua base antes do início dos trabalhos.