
China sobe o tom e impõe tarifa de 125% a produtos dos EUA: “A estratégia de Trump virou piada”
Pequim reage com dureza às novas tarifas impostas por Trump e promete: essa é a última vez que vai responder na mesma moeda
A tensão entre China e Estados Unidos voltou a ferver. Nesta sexta-feira (11), Pequim decidiu aumentar para 125% as tarifas sobre produtos norte-americanos, em resposta direta às novas medidas anunciadas por Donald Trump, que elevou os encargos para produtos chineses a até 145%. A reação da China não foi apenas econômica: o governo classificou a política tarifária de Trump como “uma piada da história econômica”.
A escalada aconteceu após investidores esperarem atentamente por uma resposta chinesa. Enquanto o iuan teve queda na quinta-feira — voltando a níveis da crise de 2008 —, a moeda se recuperou nesta sexta, com o anúncio da retaliação.
O Ministério das Finanças da China soltou um comunicado forte:
“As tarifas absurdamente altas dos EUA violam normas básicas do comércio internacional e não passam de intimidação unilateral. Não fazem sentido econômico nem moral.”
Para especialistas, esse aumento pode praticamente inviabilizar as trocas comerciais entre as duas maiores economias do planeta. Tarifas acima de 35% já tiram a competitividade dos produtos, e esse novo patamar tende a “desligar” o comércio entre os dois países, segundo analistas do UBS.
Apesar da retaliação imediata, a China deixou claro: essa foi a última resposta em igual proporção. Se Trump continuar a subir as tarifas, Pequim não pretende mais entrar nesse “jogo de números”, como classificou. Ainda assim, a porta segue aberta para outras formas de retaliação.
Na quinta-feira, por exemplo, a China já havia restringido as importações de filmes de Hollywood. Além disso, emitiu alertas de viagem para cidadãos e estudantes chineses que têm os EUA — especialmente o estado de Ohio — como destino.
Enquanto os dois países taxam praticamente 100% dos produtos que trocam, Pequim agora mira alianças internacionais. Em encontro com o primeiro-ministro da Espanha, Xi Jinping afirmou que China e Europa devem se unir contra “atos unilaterais de intimidação”. Xi também inicia nos próximos dias uma viagem pelo Sudeste Asiático para reforçar laços regionais e ampliar o bloco de aliados comerciais.
Na diplomacia acelerada, a China já conversou com líderes da União Europeia, Malásia, Arábia Saudita e África do Sul, tentando costurar apoio no G20 e nos BRICS. Em paralelo, Pequim e Bruxelas retomaram negociações para aliviar tensões no setor de veículos elétricos — sinal de que, com a Europa, uma trégua pode estar no horizonte.
Por fim, o Ministério do Comércio chinês deixou um recado direto para os Estados Unidos:
“A China está aberta ao diálogo, mas pressão e ameaças não funcionam conosco.”
O tabuleiro global segue em movimento, e o comércio virou mais uma peça no xadrez político entre as potências.