Ciclo sem fim: no Brasil, a pobreza se herda como um sobrenome

Ciclo sem fim: no Brasil, a pobreza se herda como um sobrenome

Em vez de oportunidades, jovens de famílias pobres recebem um legado de desigualdade que os aprisiona na mesma realidade dos pais

No Brasil, nascer em uma família pobre é como largar numa corrida com os pés amarrados. O tempo passa, os anos avançam, mas o ponto de partida quase nunca muda. A promessa de que “a educação transforma” ou que “com esforço se chega lá” esbarra, dia após dia, numa dura realidade: a estrutura social brasileira não foi feita para quem começa de baixo. E o que vemos, geração após geração, são adultos pobres criando filhos que, mesmo com sonhos e vontade, também acabam sendo empurrados para uma vida de privações.

Essa repetição não é coincidência nem obra do destino. É o reflexo de um país que não investe como deveria na base: na infância, na educação pública de qualidade, na saúde preventiva, na segurança alimentar e no acesso à cultura. O Brasil, infelizmente, trata o pobre como problema a ser contido, não como cidadão a ser apoiado.

Enquanto políticas públicas continuam sendo desenhadas para manter aparências ou atender interesses eleitorais, a desigualdade segue firme e forte. Os filhos de quem não teve chance são, muitas vezes, obrigados a abandonar os estudos para ajudar nas contas, engatar trabalhos informais e engolir os próprios sonhos em nome da sobrevivência.

É um ciclo perverso, mas não imutável. Romper essa lógica exige mais do que discursos: requer decisões políticas que tratem a pobreza com a seriedade de uma emergência nacional. Porque ninguém escolhe nascer pobre, mas é obrigação de um país garantir que essa condição não seja uma sentença vitalícia.

Compartilhe nas suas redes sociais
Categorias
Tags