Com Bolsonaro e Milei, congresso em Santa Catarina reúne extrema-direita
Congresso conservador em Camboriú reúne a oposição ao governo Lula e contará com a presença do ex-presidente e do chefe de Estado argentino
A edição brasileira da Conservative Political Action Conference (CPAC-Brasil) começou neste sábado em Balneário Camboriú, SC. O evento, que reúne grande parte da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é a versão nacional da maior conferência da extrema-direita mundial, realizada anualmente em Washington, EUA.
Além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que viajou de Brasília para Santa Catarina, e do presidente argentino Javier Milei, que chega no fim do dia, também confirmaram presença os governadores de Santa Catarina, Jorginho Melo (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“É um evento que tratará do nosso futuro. A direita, o conservadorismo, as pessoas de bem estão ganhando mais espaço no mundo. Assim como nas eleições para o parlamento europeu, e com certeza será com o nosso candidato nos EUA”, declarou Bolsonaro em uma rede social, convocando apoiadores para o evento de dois dias.
A CPAC reúne instituições e políticos nos Estados Unidos desde 1974, e a primeira edição brasileira foi em outubro de 2019, impulsionada pela onda bolsonarista, somando três edições no país. Os ingressos para o evento no Brasil custam a partir de R$ 249.
Participarão do evento políticos de outros países da América Latina, como Gustavo Villatoro, ministro da Justiça e Segurança Pública de El Salvador; José Antonio Kast, presidente do partido de extrema-direita do Chile; e Eduardo Verástegui, pré-candidato à Presidência do México.
A presença mais aguardada é a do presidente argentino, que vem aumentando o tom dos ataques a chefes de Estado de posições políticas diferentes. Integrantes do governo Lula estarão atentos ao discurso de Milei, que pode intensificar suas críticas ao presidente brasileiro.
A economia argentina está em crise, com uma queda de 14,8% na indústria e mais de 40% no setor automotivo em maio, além de um declínio de 32,6% na construção civil em comparação anual. Essa situação pode levar Milei a adotar pautas extremistas para agradar seu eleitorado.
Essa escalada retórica pode prejudicar ainda mais o setor industrial argentino, dificultando as relações comerciais com o Brasil. O governo brasileiro está em contato com governadores das províncias argentinas para evitar qualquer comprometimento no comércio entre os países.
Mesmo sem comentar oficialmente as declarações de Milei, fontes em Buenos Aires indicam que ele está se isolando politicamente, e há receio de uma resposta mais dura do Brasil, que poderia afetar o acordo automotivo e impactar gravemente o setor industrial argentino.