
Daniela Mercury pressiona STF e cobra resposta de Nunes Marques contra Eduardo Bolsonaro
Cantora acusa deputado de difamação após publicação com fala distorcida; caso segue parado no Supremo desde 2022
A cantora Daniela Mercury perdeu a paciência e resolveu cobrar publicamente o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ela quer que o magistrado finalmente dê andamento a uma queixa-crime apresentada contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), que desde junho de 2022 segue parada sem qualquer notificação formal ao parlamentar.
O motivo da ação? Uma publicação feita por Eduardo em sua conta no X (antigo Twitter), no dia 9 de abril de 2022. No post, ele divulgou um vídeo — que, segundo a cantora, foi manipulado — no qual atribui a ela uma fala que nunca existiu.
O conteúdo dizia, em letras garrafais: “O BRASIL NÃO MERECE ISSO”, sugerindo que Daniela teria dito a seguinte frase: “Jesus Cristo era gay, gay, muito gay, muito bicha, muito veado, sim!”. Segundo a defesa da artista, a declaração foi completamente distorcida. Na verdade, ela se referia ao cantor Renato Russo durante uma performance artística feita em 2018.
O processo foi parar no STF por conta do foro privilegiado de Eduardo Bolsonaro. O Ministério Público Federal (MPF) já se manifestou a favor da continuidade do processo e pediu a notificação do deputado, que, até hoje, não foi localizado.
De acordo com os relatos dos oficiais de Justiça, as tentativas de encontrá-lo — tanto em São Paulo quanto em Brasília — foram frustradas. Ninguém atendeu telefone, respondeu mensagens, e muito menos e-mails. Eduardo simplesmente “sumiu” do alcance da Justiça brasileira.
Sem outra saída, os advogados de Daniela pediram que ele fosse notificado por edital. Mesmo assim, nenhuma resposta veio do lado do deputado, que atualmente está licenciado do cargo e vivendo confortavelmente nos Estados Unidos.
Diante desse cenário, o MPF reforçou o pedido, destacando que a imunidade parlamentar não se aplica nesse caso, já que o crime, segundo eles, foi cometido fora do exercício do mandato, através das redes sociais, e configura difamação.
A defesa da cantora lembra ainda que o próprio artigo 5º da Constituição garante o direito à duração razoável do processo — algo que, claramente, não está acontecendo.
Por enquanto, o processo segue engavetado no gabinete do ministro Nunes Marques, à espera de uma decisão que parece não ter pressa para sair.