Deputados dão recado ao governo ao votar urgência para derrubar decreto do aumento do IOF

Deputados dão recado ao governo ao votar urgência para derrubar decreto do aumento do IOF

Presidente da Câmara afirma que parlamentares estão cansados de aumentos de impostos e querem ver cortes de gastos no Executivo; pressão cresce após cobrança do STF sobre repasses de emendas

Nesta segunda-feira (16), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deixou claro que a votação para acelerar a derrubada do decreto que elevou o IOF será mais do que um simples rito: é um sinal forte do desconforto dos deputados com a política fiscal do governo Lula.

Segundo Motta, os parlamentares não querem ser corresponsáveis por uma agenda que só aumenta impostos e esperam que o Executivo mostre compromisso com o ajuste fiscal por meio de contenção de gastos, não penalizando quem gera renda no país.

“Eu acredito que o governo está entendendo cada vez mais essa mensagem. Essa votação será simbólica para expressar o que a maioria dos deputados pensa. Agora, vamos aguardar os próximos passos”, disse o presidente da Câmara.

Cansaço com aumentos de impostos
No Congresso, a sensação é de que medidas para ampliar a arrecadação via impostos já atingiram um limite. Motta reforça que o governo não pode transferir o peso do ajuste para os mais pobres, mas também não deve prejudicar os que trabalham e produzem.

Por trás da pressão pública, há também o incômodo com o atraso no pagamento das emendas parlamentares, que virou um dos principais motivos de reclamação na base aliada. Deputados querem mostrar ao Executivo que a máquina legislativa não vai colaborar com quem trava o repasse dessas verbas.

Pressão do STF impulsiona reação
O cenário ficou ainda mais tenso após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, determinar que o Congresso explique, em até 10 dias, a destinação de R$ 8,5 bilhões em um orçamento paralelo ligado ao Planalto. Essa cobrança foi vista como um sinal para que o Legislativo cobre mais transparência e controle do Executivo.

Em resposta, Hugo Motta avisou aos líderes do governo que projetos importantes para o Palácio do Planalto não terão andamento na Câmara se o pagamento das emendas continuar emperrado.

Recuo parcial do governo no decreto do IOF
No começo desta semana, o governo publicou um novo decreto que suavizou parte do aumento do IOF, reduzindo a alíquota fixa que incide na contratação de empréstimos, de 0,95% para 0,38%. A alíquota diária, no entanto, permaneceu quase o dobro do valor anterior, passando de 0,0041% para 0,0082%.

Além disso, houve flexibilização para o IOF sobre os aportes em planos de previdência privada (VGBL), incidindo apenas sobre valores acima de R$ 300 mil para 2025 e a partir de 2026, sobre o que exceder R$ 600 mil, dentro da mesma seguradora.

Essa votação não é só um gesto político, mas um aviso claro: a Câmara quer mudanças reais e não aceita que a conta da crise seja paga por quem menos pode. E o governo, cada vez mais pressionado, terá que mostrar como pretende equilibrar as contas sem sufocar a população.

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