Dilma Rousseff recebe honraria máxima de Xi Jinping

Dilma Rousseff recebe honraria máxima de Xi Jinping

E parece que, mais uma vez, o Brasil se encontra num curioso enredo onde aqueles que aqui são descartados encontram prestígio em outras terras. Dilma Rousseff, que já foi enxovalhada em seu próprio país, agora recebe a maior honraria da China, entregue diretamente por Xi Jinping. A Medalha da Amizade, algo reservado para aqueles que, nas palavras do governo chinês, contribuem para a modernização socialista e para a paz mundial, foi colocada no peito de uma ex-presidenta que, por aqui, sofreu golpes e traições.

É quase poético, se não fosse tão revoltante. O Brasil, que tantas vezes vira as costas para seus líderes, assiste de camarote enquanto Dilma é reconhecida em uma cerimônia grandiosa no Grande Salão do Povo em Pequim. E quem não sente, no fundo, uma certa ironia nisso tudo? Enquanto alguns no Brasil ainda sussurram velhas críticas, a China faz questão de valorizar o papel de Dilma na liderança do Novo Banco de Desenvolvimento. Mais do que isso, a coloca no pódio de seus amigos estrangeiros que ajudaram a construir pontes entre as nações.

Dilma, sempre firme, elogiou Xi Jinping e destacou a importância de sua liderança global. Mas será que não dá uma sensação de vazio ouvir esses discursos de cooperação e industrialização enquanto o próprio Brasil está mergulhado em crises e desigualdades? Parques industriais? Transferência de tecnologia? Pode até ser uma oportunidade, mas que parece tão distante do cotidiano de tantos brasileiros que ainda lutam para sobreviver.

E não se engane: a China sabe muito bem o que está fazendo. Esse reconhecimento não é apenas sobre o passado de Dilma, mas uma forma clara de reforçar as relações com o Brasil, de olho na adesão do país à Iniciativa Cinturão e Rota, um ambicioso projeto de infraestrutura que, embora promova desenvolvimento, traz consigo amarras que podem comprometer a soberania de quem o abraça.

O mais triste é perceber que, enquanto Dilma é celebrada na China, por aqui ainda ecoam as velhas críticas. Será que só reconhecemos o valor dos nossos quando o olhar estrangeiro nos obriga a isso? Ou seguimos presos à nossa própria miopia, incapazes de ver a grandeza de quem ousa trilhar caminhos mais altos?

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