Dólar bate R$ 5,43 após Lula criticar mercado e desgaste gerado por MP
Dólar tem maior cotação desde dezembro de 2022; devolução da “MP do Fim do Mundo” piorou ambiente político e reforçou preocupação do mercado
O dólar abriu em alta nesta quarta-feira (12/6), alcançando um pico de R$ 5,4286 no início da tarde, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticar o mercado durante um evento no Rio de Janeiro. O desgaste provocado pela devolução parcial de uma polêmica medida provisória (MP) pelo Congresso também influenciou negativamente.
A última vez que a moeda americana superou a marca de R$ 5,40 foi em dezembro de 2022, durante a transição entre os governos de Bolsonaro e Lula.
Pela manhã, Lula afirmou que não consegue discutir economia sem considerar questões sociais e que o mercado financeiro não é uma entidade abstrata, separada da política e da sociedade. Essas declarações ocorrem em um momento de cautela entre os investidores em relação à situação fiscal do Brasil e à espera da definição das taxas de juros nos Estados Unidos, que será anunciada nesta tarde.
Analistas indicam que a alta do dólar, que estava em R$ 5,38 por volta das 13h30, também é uma reação ao cenário político interno. Os ruídos foram intensificados pela devolução parcial da MP 1.227 pelo Senado na noite anterior, uma medida enviada pelo Ministério da Fazenda na semana passada que alterava regras de uso de crédito do PIS/Cofins.
Ruído Político Para a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, há cautela no mercado devido ao cenário externo, com expectativa sobre a divulgação das taxas de juros pelo Federal Reserve, o banco central dos EUA, previsto para manter o intervalo de 5,25% a 5,5%.
“Mas acredito que a principal questão do câmbio hoje é interna, devido ao grande ruído político entre o governo e o Senado, agravado pela devolução da MP 1.227”, disse Cristiane.
Ela explicou que esse ruído “reforça a preocupação do mercado” com a questão fiscal. “O governo está focando em aumentar a receita, mas há pouca atenção em reduzir despesas. A aversão ao risco está vindo dessa situação hoje”, afirmou.