Dólar volta a subir e tem maior cotação desde julho de 2022
Declarações de Lula sobre o Banco Central impactaram na alta da moeda americana
O dólar, que havia mostrado uma tendência de queda no início do dia, reverteu o movimento durante a tarde e fechou em alta de 0,37% nesta quinta-feira (20), cotado a R$ 5,46. Este é o maior valor de fechamento desde 22 de julho de 2022, quando foi negociado a R$ 5,49. A valorização acumulada na semana é de 1,48% e no mês, de 4,02%.
Pela manhã, a moeda americana chegou a registrar a mínima de R$ 5,38, influenciada positivamente pela decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de interromper o ciclo de corte de juros e manter a Selic em 10,5% ao ano. O mercado temia uma repetição do resultado da reunião de maio, que havia sido dividida.
A decisão do Copom foi vista como uma postura mais tolerante do Banco Central em relação à inflação, especialmente após a saída do atual presidente, Roberto Campos Neto, cujo mandato termina em dezembro. Com a maioria da diretoria do BC sendo indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até 2025, essa leitura ganhou força.
No entanto, a virada ocorreu com o aumento dos juros nos títulos de dívida do governo americano (Treasuries), fortalecendo o dólar no exterior. Além disso, críticas de Lula ao resultado do Copom também impactaram os negócios, sendo interpretadas como uma tentativa de influenciar na definição dos juros.
A Bolsa de Valores também enfrentou grande volatilidade. Após atingir 121,6 mil pontos, perdeu força e fechou em 120,4 mil pontos, com alta de 0,15%.
Rodrigo Moliterno, chefe da área de renda variável da Veedha Investimentos, comentou: “A decisão unânime do Copom é positiva, mostrando independência das ‘vontades do poder’, mas as declarações do presidente Lula ainda geram cautela”.