E Haddad ainda vai ao show para “uma noite abençoada”

E Haddad ainda vai ao show para “uma noite abençoada”

Correios no vermelho: R$ 4 milhões para a turnê de Gilberto Gil enquanto as contas acumulam rombos bilionários

Em um cenário de prejuízo de R$ 3,2 bilhões, Correios destinam milhões para patrocínios culturais enquanto deixam dívidas com funcionários e hospitais.

A crise nos Correios parece ter encontrado uma solução brilhante para seus rombos bilionários: investir milhões em patrocínios culturais. Em 2024, a estatal, que encerrou o ano com um prejuízo de impressionantes R$ 3,2 bilhões, decidiu que nada melhor do que gastar R$ 4 milhões para apoiar a última turnê de Gilberto Gil, a “Tempo Rei”. Além disso, o festival Lollapalooza também recebeu R$ 6 milhões, porque, claro, fortalecer a imagem dos Correios entre os jovens parece ser a chave para superar a crise financeira que afunda a empresa.

Com uma dívida de R$ 400 milhões com o plano de saúde dos funcionários, a Postal Saúde, e com hospitais suspendendo atendimento aos beneficiários, os Correios continuam operando no vermelho, mas, aparentemente, não há crise que impeça o patrocínio de eventos culturais. Segundo a justificativa oficial, investir na última turnê de Gilberto Gil agregaria “valor à marca” dos Correios. A previsão é que o evento atraia 800 mil pessoas em apresentações no Brasil, Europa e Estados Unidos – certamente um ótimo retorno sobre o investimento.

E, enquanto o país assiste a essa cena de surrealismo financeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também se dedica a momentos de lazer, como não poderia deixar de ser. Durante a turnê de Gilberto Gil em São Paulo, Haddad, acompanhado de sua esposa, comemorou o evento nas redes sociais, chamando a noite de “abençoada”. Quem diria que uma noite no camarim de um ícone musical poderia ser mais abençoada do que a realidade de milhares de brasileiros que, ao invés de benefícios culturais, enfrentam um sistema público em colapso?

A ironia não poderia ser mais evidente: enquanto a estatal esbanja recursos em projetos culturais, o próprio sistema de saúde dos Correios está falido, e a empresa acumula dívidas impagáveis. O que nos resta, então, é esperar que o “valor à marca” dos Correios seja realmente o que importa para o futuro dos brasileiros.

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