
Especialistas Alertam para Riscos do Mototáxi em São Paulo e Impacto no SUS
Médicos preveem aumento expressivo nos atendimentos e alertam para risco elevado de acidentes
A liberação do mototáxi em São Paulo tem gerado preocupação entre especialistas da saúde, que alertam para um possível aumento nos atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) devido à alta taxa de acidentes envolvendo motocicletas. O serviço foi suspenso na capital paulista após uma decisão judicial na segunda-feira (27/1).
Aquilla Couto, diretor da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), aponta que cidades que implementaram o mototáxi registraram um aumento significativo nas internações. “Belo Horizonte, por exemplo, viu um aumento de 22% nos leitos ocupados por acidentados nos primeiros seis meses de funcionamento”, destaca.
A professora Linamara Rizzo Battistella, especialista em fisiatria e fundadora da Rede Lucy Montoro, questiona os impactos sociais e econômicos da medida. “Como garantimos que o SUS não será sobrecarregado? Como explicamos para a população que recursos destinados a outras áreas de saúde podem ser desviados para atender vítimas de acidentes?”, indaga. Segundo dados da Rede Lucy Montoro, 50% das vítimas de acidentes de trânsito atendidas entre janeiro e setembro do ano passado eram motociclistas, com grande parte sofrendo lesões graves, como paraplegia e amputações.
Linamara também ressalta que São Paulo não tem infraestrutura adequada para o mototáxi. “Nosso sistema viário é caótico e a educação no trânsito ainda é falha. Em um cenário ideal, onde todos respeitam as regras, ainda assim haveria riscos elevados”, pontua.
Outro ponto destacado é a vulnerabilidade dos passageiros. “O garupa não tem a mesma proteção do condutor. Ele está sujeito a quedas e colisões sem os mecanismos de segurança adequados”, alerta a professora.
A discussão sobre a regulamentação do mototáxi deve continuar na Câmara Municipal após o recesso legislativo. Enquanto isso, a comunidade médica segue pedindo cautela na adoção desse modal de transporte, reforçando a necessidade de estudos aprofundados sobre seus impactos na mobilidade urbana e na saúde pública.