Esquemas cruzados: PF flagra procurador do INSS viajando de jatinho bancado por lobista da CPI da Covid

Esquemas cruzados: PF flagra procurador do INSS viajando de jatinho bancado por lobista da CPI da Covid

Vídeo mostra procurador sendo escoltado por agente da PF rumo a aeronave paga por operador investigado em fraudes de vacinas; conexões revelam elo entre dois dos maiores escândalos recentes do país

A Polícia Federal descobriu um fio condutor entre dois escândalos que abalaram o país: o desvio bilionário de aposentadorias no INSS e as fraudes na compra de vacinas durante a pandemia, investigadas pela CPI da Covid. A conexão foi captada pelas câmeras de segurança do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e envolve personagens centrais das duas histórias: o procurador do INSS Virgilio Oliveira e o lobista Danilo Trento.

As imagens mostram Virgilio e Trento desembarcando juntos em Congonhas, escoltados por um agente da própria PF, e seguindo em uma viatura oficial até o hangar da TAM, onde o procurador embarca em um jatinho rumo a Curitiba. Segundo a PF, Trento, que foi indiciado na CPI da Covid, pagou a passagem aérea e pode ter custeado também o voo executivo. Ele é dono de uma empresa de gestão de saúde e já havia feito repasses a empresas ligadas à Precisa Medicamentos, envolvida na venda superfaturada de vacinas.

A PF apura agora se houve troca de favores, repasses de dinheiro e a real natureza da relação entre Trento e Virgilio, que já recebeu R$ 7,5 milhões por meio da companheira, Thaisa Hoffmann, segundo os investigadores. O montante teria vindo de Antonio Carlos Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, um dos principais nomes por trás do esquema de descontos fraudulentos em aposentadorias.

Outro nome que aparece nas investigações é o de Maurício Camisoti, também citado na CPI da Covid, o que reforça a suspeita de que os dois esquemas — o das aposentadorias e o das vacinas — se cruzam mais do que se imaginava.

Cinco dias após o voo de jatinho, Virgilio foi visto voltando de Curitiba para Brasília em um voo comercial, mas não há registros de como ele chegou à capital paranaense. A PF quer saber quem pagou o jatinho e o que foi oferecido em troca. Enquanto isso, as imagens falam por si: um procurador do INSS, um lobista da CPI e um agente da PF juntos, em plena noite paulistana, cruzando o aeroporto como se estivessem acima da lei.

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