“Governo para todos? Prepare-se para enfrentar os mais ricos”, diz Lula

Lula defende justiça fiscal e afirma que distribuir renda entre os mais pobres movimenta a economia, enquanto concentrar riqueza só favorece a especulação

Em tom direto, o presidente Lula afirmou que “quem tenta governar para todos acaba enfrentando resistência dos que ganham mais”. A declaração veio durante uma cerimônia em Montes Claros (MG), onde foi anunciado um investimento de R$ 6,4 bilhões da farmacêutica Novo Nordisk na expansão de sua unidade no Brasil. A empresa é uma das maiores fornecedoras de insulina ao SUS e atualmente gera cerca de 2.650 empregos diretos e indiretos na região.

Lula aproveitou o momento para defender o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês. Segundo ele, essa medida beneficia cerca de 85% da população brasileira. Em contrapartida, a ideia é fazer com que cerca de 141 mil pessoas com rendimentos mais altos passem a pagar mais impostos.

“Não é justo que pobres paguem a mesma coisa que os ricos”, afirmou. Lula também relembrou ações sociais de seus mandatos anteriores, como o Fies, e reforçou a importância da geração de empregos e da igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função.

Ainda durante o discurso, o presidente reforçou o papel do Bolsa Família como um apoio emergencial. “Ninguém quer viver de favor. O mais digno para qualquer trabalhador é levar o sustento para casa com o suor do próprio trabalho”, declarou. Para ele, o programa é um auxílio temporário até que a pessoa consiga estabilidade financeira.

Lula também falou sobre o impacto da redistribuição de renda na economia. Ele explicou que dar R$ 1 milhão para uma única pessoa provavelmente significaria investimento no mercado financeiro, com rendimentos altos e pouca movimentação econômica. Por outro lado, se esse valor for dividido entre muitas pessoas, ele circula: vira compra no supermercado, material escolar, chinelo novo para a filha. “Isso ativa o comércio, gera produção na indústria, aumenta o emprego. A economia gira quando o dinheiro está na mão do povo, e não de uma minoria”, argumentou.

O presidente também destacou a importância da estabilidade — política, jurídica, econômica e social — como condição para atrair investimentos estrangeiros. Segundo ele, só com um ambiente de confiança e segurança o país consegue receber grandes aportes como o feito pela Novo Nordisk. E completou: “As pessoas precisam saber que o Brasil é um lugar de paz, onde não haverá decisões de surpresa nem instabilidade”.