
Haddad lança pacote fiscal com meta de economizar R$ 70 bilhões e isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil
Promessa de corte de gastos e justiça tributária: medidas incluem taxação dos super-ricos e mudanças no salário mínimo
Após semanas de discussões internas e expectativa do mercado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou em rede nacional um pacote fiscal para equilibrar as contas públicas. A proposta prevê uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, além da isenção de Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensais, válida a partir de 2026.
Em um discurso de pouco mais de sete minutos, Haddad enfatizou o compromisso do governo com a sustentabilidade fiscal. “Essas ações consolidam nossa determinação em construir uma economia sólida e responsável,” afirmou. A isenção ampliada, promessa de campanha de Lula, será compensada com a taxação de lucros e dividendos acima de R$ 50 mil, atualmente isentos.
Mudanças estruturais e revisão de benefícios sociais
O pacote também inclui medidas que visam cortar gastos públicos. Entre elas estão:
- Limitação do reajuste do salário mínimo a 2,5% acima da inflação;
- Revisão de benefícios sociais com exigência de atualização cadastral;
- Reformas no sistema de aposentadoria dos militares, como fixação de idade mínima de 55 anos e eliminação de privilégios como a “morte ficta”.
As propostas ainda precisam de aprovação do Congresso Nacional, mas Haddad demonstrou confiança de que as mudanças serão viáveis e trarão benefícios a longo prazo.
Controvérsias e resistências internas
Apesar da importância das medidas, o pacote gerou tensões dentro do governo. Ministros como Luiz Marinho (Trabalho) e Carlos Lupi (Previdência) expressaram publicamente preocupações com cortes que possam afetar direitos adquiridos, como o abono salarial e a política de aumento do salário mínimo.
Lula, por sua vez, reafirmou sua determinação em implementar a isenção do IR para a classe média, apesar das dificuldades. A iniciativa foi descrita por interlocutores como uma “obsessão” presidencial.
Impacto e próximos passos
Com o envio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e um Projeto de Lei Complementar (PLC), o governo espera aprovar as medidas ainda em 2024, apesar do calendário apertado no Congresso. Analistas apontam que o sucesso do pacote será crucial para o equilíbrio das contas públicas e a recuperação da confiança do mercado.
O anúncio marca um esforço ambicioso do governo Lula em buscar um equilíbrio fiscal, enfrentando desafios políticos e econômicos em um cenário de alta desaprovação popular.