Irritado, Haddad deixa entrevista sem responder sobre meta fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstrou frustração em uma coletiva de imprensa ao abordar a declaração do presidente Lula sobre a dificuldade do Brasil em alcançar um déficit zero em 2024. A comentarista Míriam Leitão observou que essa reação indicava uma tentativa de explicar algo que, na realidade, era uma desautorização por parte do presidente. A equipe econômica do governo federal estava defendendo que a meta fiscal seria alcançada.
Míriam enfatizou que Haddad usou questões legítimas sobre a arrecadação do país para justificar a fala de Lula. No entanto, uma dessas questões já havia sido resolvida no STJ, que permitiu ao governo federal retomar a cobrança do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido com base nos incentivos fiscais concedidos pelos estados às empresas. O ministro também tentou argumentar com as votações em andamento no Congresso sobre a agenda econômica.
“Ele [Haddad] disse em uma entrevista que o presidente se referia a isso. Mas não era isso. O presidente Lula estava dizendo que a meta não pode ser atingida e que o mercado continua pressionando por ela”, ressaltou Míriam. “Isso não tem nada a ver com o que o presidente Lula declarou, e Haddad evitou lidar diretamente com a pergunta, porque o [Lula] afirmou que a meta não é zero.”
Toda a controvérsia surgiu após a declaração de Lula em um café da manhã com jornalistas na sexta-feira (27) e teve impactos imediatos no mercado: a Bovespa fechou o dia em queda e o dólar subiu. A declaração foi contrária às expectativas da própria equipe do Ministério da Fazenda, que estava confiante em zerar o déficit nas contas públicas até 2024. O presidente afirmou:
“Não vou fixar uma meta fiscal que me force a começar o ano cortando bilhões de investimentos em obras prioritárias para o país. Muitas vezes, o mercado é excessivamente ganancioso e insiste em cobrar uma meta que sabe que não será cumprida. Nós provavelmente não alcançaremos a meta zero, porque não quero cortar investimentos em obras. E se o Brasil tiver um déficit de 0,5% ou 0,25%, o que isso significa? Nada, absolutamente nada.”