
Janones Confessa Rachadinha e Diz Que Recorreu a Assessor por Estar com Nome Sujo no Serasa
Parlamentar faz acordo com a PGR para evitar processo e se compromete a devolver R$ 158 mil
O deputado federal André Janones (Avante-MG) admitiu em um acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR) que, no início de 2019, enfrentava dificuldades financeiras e tinha o nome negativado no SPC e Serasa. Para contornar a situação, ele pediu a um de seus assessores parlamentares que providenciasse um cartão de crédito adicional em seu nome.
De acordo com o documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), esse cartão foi usado para pagar despesas pessoais do deputado entre 2019 e 2020. No entanto, as faturas foram quitadas pelo assessor, sem que Janones as reembolsasse até o momento da confissão.
Acordo para evitar processo
A confissão faz parte de um acordo de não persecução penal (ANPP) firmado com a PGR, o que significa que Janones não será julgado pelo crime, desde que cumpra as condições estabelecidas. Entre elas, está a devolução de R$ 131,5 mil, além de uma multa de R$ 26,3 mil.
O pagamento será feito da seguinte forma:
- R$ 80 mil pagos em parcela única até 30 dias após a homologação do acordo.
- R$ 77,8 mil divididos em 12 parcelas mensais de R$ 6.484,48.
Agora, o acordo precisa ser homologado pelo STF para que tenha validade.
Histórico de denúncias
As acusações contra Janones não são recentes. Desde 2021, ele vem sendo investigado por suposto envolvimento em um esquema de rachadinha em seu gabinete. A denúncia partiu de Fabricio Pereira, um ex-assessor do deputado, que afirmou que diversos funcionários do gabinete eram obrigados a repassar parte de seus salários.
No inquérito, há um áudio anexado em que um dos ex-assessores relata que precisava entregar cerca de R$ 5.000 por mês ao suposto esquema. Segundo a denúncia, o dinheiro era usado para cobrir um rombo de R$ 675 mil nas contas pessoais de Janones.
Compromisso de não reincidência
Além do ressarcimento financeiro, o deputado se comprometeu a não voltar a praticar atos ligados ao esquema e a não cometer novos crimes até o fim do cumprimento do acordo. Caso descumpra as exigências, Janones poderá ser processado judicialmente.
A decisão reacende o debate sobre a rachadinha no Brasil, uma prática recorrente em gabinetes parlamentares e que já levou à investigação de outros políticos no país.