Lula homenageia Eunice Paiva, símbolo da luta por memória e justiça
Advogada que inspirou o filme vencedor do Oscar “Ainda Estou Aqui” recebe honraria póstuma do governo brasileiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu, de forma póstuma, uma das mais altas honrarias do país à advogada Eunice Paiva, referência na defesa dos direitos humanos e na luta pela memória das vítimas da ditadura militar no Brasil. A decisão foi publicada nesta quarta-feira (28) no Diário Oficial da União.
Eunice foi agraciada com a Ordem de Rio Branco, no grau de Comendadora — reconhecimento destinado a pessoas que prestaram serviços de grande relevância ao país. Sua história de vida e de resistência inspirou o livro escrito por seu filho, Marcelo Rubens Paiva, que deu origem ao filme Ainda Estou Aqui, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025.
A trajetória de Eunice é marcada por coragem e determinação. Após o desaparecimento e assassinato de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, pelas mãos da ditadura, ela decidiu cursar direito e se tornou uma das principais vozes na busca por verdade, justiça e reparação. Sua atuação foi fundamental para a aprovação da Lei 9.140/1995, que reconhece como mortos os desaparecidos políticos do regime militar.
Foram 25 anos de batalha até que, em 1996, o Estado brasileiro finalmente reconhecesse oficialmente a morte de Rubens Paiva, emitindo seu atestado de óbito. A primeira prova concreta do assassinato só veio à tona em 2012, quatro décadas depois do crime, quando surgiu um documento que confirmava sua entrada no DOI-Codi.
Eunice conviveu com Alzheimer por 14 anos e faleceu em 2018, aos 86 anos, em São Paulo. Sua história de vida ganhou ainda mais visibilidade nas telas de cinema, interpretada por Fernanda Torres no filme de Walter Salles, que emocionou plateias no Brasil e no mundo.
A homenagem póstuma concedida por Lula não é apenas um reconhecimento pessoal, mas também um resgate histórico e um tributo à luta incansável de Eunice Paiva por justiça, memória e dignidade.
