Lula quer acelerar sabatina do novo presidente do BC, mas diz não ter certeza sobre Galípolo
Em entrevista concedida nesta sexta-feira (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que pretende acelerar o processo de sabatina dos novos diretores e do futuro presidente do Banco Central. Ele ressaltou que a intenção é evitar que os indicados sofram com “especulações políticas” prolongadas antes de terem seus nomes aprovados pelo Senado Federal.
“Quero conversar com o presidente do Senado e o presidente da comissão para garantir que, uma vez indicadas, essas pessoas sejam votadas rapidamente, sem que fiquem expostas a desgastes políticos por meses”, declarou Lula à Rádio Gaúcha.
Apesar de Gabriel Galípolo ser um dos nomes cotados para assumir a presidência do Banco Central, Lula afirmou que ainda não tem certeza sobre sua indicação para o cargo. Galípolo atualmente ocupa o posto de diretor de política monetária, tendo sido nomeado pelo presidente no ano passado, e antes disso foi o braço direito do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Não sei se será o Galípolo. Sei que tenho o direito de indicar o próximo presidente do Banco Central e outros diretores. Quem eu indicar precisa ter caráter, seriedade e compromisso com o povo brasileiro. Essa pessoa não estará em dívida com o presidente, mas sim com o país”, enfatizou Lula.
O governo federal estuda enviar, nas próximas semanas, um pacote de nomeações para o Banco Central, no qual Galípolo é considerado o principal candidato para suceder Roberto Campos Neto. O mandato de Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, se encerra em 31 de dezembro, e ele já manifestou a necessidade de uma transição tranquila para seu sucessor.
Outros cargos importantes no Banco Central, como o de diretor de Regulação e o de diretora de Relacionamento e Cidadania, também terão mandatos concluídos no fim do ano, e Lula deverá nomear os novos ocupantes.
Durante a entrevista, Lula destacou que o futuro presidente do BC precisará ter a “coragem” necessária para tomar decisões importantes sobre a taxa básica de juros, seja para reduzi-la ou aumentá-la, conforme a situação exigir. Embora o presidente tenha criticado o atual patamar da Selic, ele reiterou a necessidade de um presidente do Banco Central que tome decisões com responsabilidade.
“Precisamos de alguém que, quando for necessário, tenha coragem para baixar a taxa de juros e, quando for preciso, também tenha coragem de aumentá-la. É assim que deve funcionar”, afirmou Lula, que ainda criticou Campos Neto, dizendo que sua gestão “desagradou o país”.