Lula tenta empurrar crise do INSS no colo de Bolsonaro — mas esquece que o aparelhamento é dele
PT divulga vídeo culpando Bolsonaro por fraudes bilionárias no INSS, ignorando que sindicatos aliados e indicados do governo atual estão no centro do escândalo
É no mínimo revoltante — e até cínico — ver o governo Lula tentar colar no ex-presidente Jair Bolsonaro a culpa pelo escândalo bilionário que envolve o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), quando tudo aponta para o lado oposto. Em vídeo publicado nesta segunda-feira (12), o Partido dos Trabalhadores lançou mão da velha tática de terceirizar a culpa, acusando Bolsonaro de ser o responsável pela fraude que arrancou mais de R$ 6 bilhões de aposentadorias e pensões.
A propaganda petista, narrada como um roteiro pronto de novela manipulada, afirma que “foi no governo Bolsonaro que a fraude começou”, e reforça a narrativa de que Lula, o “herói”, descobriu tudo e agora tenta “corrigir os erros do passado”. Mas o que o vídeo omite é justamente o que mais grita: os principais envolvidos no esquema são sindicatos alinhados ao próprio Lula, e a cúpula do INSS está recheada de nomes indicados por ministros do atual governo.
O presidente do INSS, por exemplo, foi escolhido a dedo pelo ministro da Previdência Carlos Lupi, um dos aliados mais próximos do Palácio do Planalto. E mais: Frei Chico, irmão de Lula, foi citado por interlocutores da máquina sindical como figura próxima das entidades que operavam os descontos ilegais nos benefícios dos aposentados.
Não bastasse isso, a CGU revelou que os saques indevidos aconteceram entre 2019 e 2024 — ou seja, mais da metade do período se deu já sob a gestão de Lula. Mesmo assim, o governo insiste em apontar o dedo para o antecessor, tentando maquiar a realidade com marketing barato.
A resposta de Bolsonaro veio pelas redes, relembrando medidas implementadas durante seu mandato, como a modernização da prova de vida e o aumento da fiscalização interna. O ex-presidente afirmou que seu governo combateu fraudes, e classificou a narrativa do PT como uma tentativa desesperada de desviar o foco da responsabilidade atual.
Enquanto isso, em uma fala durante viagem à Rússia, Lula deixou escapar que pretende investigar “se tem gente do governo anterior envolvida”, como se isso bastasse para isentá-lo de qualquer culpa. A tentativa de empurrar a responsabilidade para trás é típica de um governo que não assume os próprios erros — e se apoia em uma estrutura sindical que, ao longo dos anos, se mostrou mais interessada em sugar aposentados do que protegê-los.
O povo não é bobo. A conta dessa fraude bilionária não pode ser jogada no colo de quem não comanda mais nada. Se Lula quer mesmo encontrar os culpados, que olhe à sua volta — ou talvez no espelho.
