Mesmo sob pressão, Hugo Motta mantém anistia engavetada e frustra bolsonaristas

Mesmo sob pressão, Hugo Motta mantém anistia engavetada e frustra bolsonaristas

Apesar dos protestos na Avenida Paulista e da articulação da oposição, presidente da Câmara resiste à votação do projeto que perdoaria os envolvidos no 8 de janeiro

Mesmo com a manifestação de milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro nas ruas de São Paulo no último domingo (6), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), não cedeu à pressão para colocar em votação o projeto de anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023.

A proposta virou bandeira da oposição, especialmente da bancada do PL, e tem sido o principal foco das articulações bolsonaristas no Congresso. Nas últimas semanas, deputados aliados intensificaram os esforços para coletar assinaturas entre os líderes partidários e aprovar um requerimento de urgência que aceleraria a tramitação da matéria. Como a estratégia inicial emperrou, eles agora tentam reunir apoios individuais de parlamentares.

Até o próprio Bolsonaro se envolveu diretamente nas negociações, buscando apoio de partidos do Centrão como Republicanos, PP e PSD. No entanto, Hugo Motta solicitou que os líderes dessas legendas não assinassem o requerimento de urgência apresentado pela oposição.

A eleição de Motta para o comando da Câmara foi costurada com apoio tanto da base governista quanto do PL. Na época, ele e Arthur Lira (PP-AL), padrinho político da candidatura, sinalizaram que o projeto de anistia poderia tramitar — mas, ao mesmo tempo, garantiram ao Planalto que a pauta não teria avanço real.

Durante o ato na Paulista, o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), evitou confrontar diretamente Motta, mas reiterou o apelo pela votação. “O presidente Hugo Motta vai seguir o que for vontade da maioria da Casa. E a maioria está pela justiça, pela anistia”, disse.

Já o pastor Silas Malafaia, um dos organizadores da manifestação, subiu o tom. Em cima do carro de som, atacou diretamente Motta por impedir o avanço do projeto. “Ele pediu aos líderes que não assinassem a urgência. Isso é um absurdo. Está envergonhando a Paraíba”, disparou.

Diante da pressão crescente, Motta segue em silêncio sobre quando — ou se — pretende colocar o tema na pauta. Enquanto isso, a anistia continua guardada na gaveta da Câmara, frustrando os planos da oposição.

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