Morre Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, aos 96 anos
Economista também foi ministro da Agricultura e da Secretaria do Planejamento durante gestões de generais na ditadura militar; depois, foi conselheiro econômico nos governos Lula e Dilma
Faleceu aos 96 anos, nesta segunda-feira (12), o ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto. Ele estava internado há uma semana no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, devido a problemas de saúde.
Delfim Netto foi ministro da Fazenda entre 1967 e 1974, durante o regime militar no Brasil (1964-1985), servindo nos governos dos generais Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici. Posteriormente, atuou como embaixador do Brasil na França durante a gestão do general Ernesto Geisel e, no governo do general João Baptista Figueiredo (1979-1985), ocupou os cargos de ministro da Agricultura e da Secretaria do Planejamento da Presidência, permanecendo no cargo até o fim da ditadura, em 1985.
Em 1986, foi eleito deputado federal, participando da Assembleia Nacional Constituinte entre 1987 e 1988. Delfim foi reeleito quatro vezes consecutivas, permanecendo na Câmara dos Deputados até 2007.
Apesar de sua ligação com o regime militar, Delfim se aproximou da esquerda, tornando-se conselheiro econômico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o primeiro mandato (2003-2010). Posteriormente, também aconselhou a presidente Dilma Rousseff, mas tornou-se crítico de sua gestão com o passar dos anos.
Ele se manifestou contra a tentativa do governo Dilma de controlar o preço da energia elétrica para moderar a inflação em 2014, argumentando que tal medida aumentaria a desconfiança dos empresários, diminuindo investimentos e elevando a inflação.
Delfim afirmou que a gestão de Dilma Rousseff foi o principal fator que levou ao seu impeachment. Em 2016, em entrevista ao portal Consultor Jurídico, declarou que o processo de afastamento foi legal e dentro das disposições constitucionais.
Em 2018, Delfim foi acusado de ter recebido R$ 15 milhões em propina do Consórcio Norte Energia, mas sua defesa negou as acusações, alegando que os valores recebidos eram relativos a honorários por consultoria prestada.
O ex-ministro, que será enterrado hoje, deixa uma filha e um neto. O velório será restrito à família, e o presidente Lula não deve comparecer.