PF infla diretoria com inquéritos sobre Bolsonaro e esvazia setor de investigação
A Polícia Federal tem concentrado inquéritos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na DIP (Diretoria de Inteligência Policial) e esvaziado o setor responsável por conduzir investigações que correm em tribunais superiores.
A mudança desvirtuou a missão principal da diretoria de inteligência e aproximou as investigações sensíveis ao diretor-geral da corporação, delegado Andrei Rodrigues, segundo integrantes da PF ouvidos sob reserva pela Folha.
A DIP é o setor da Polícia Federal responsável por definir a política de inteligência e realizar ações de contrainteligência e investigações sobre terrorismo. Até 2022, os delegados vinculados à área dirigiam inquéritos geralmente relacionados à segurança nacional.
Atualmente, a diretoria é responsável pelos inquéritos das milícias digitais —que envolvem os planos golpistas de Bolsonaro e aliados após as eleições de 2022 e a fraude no cartão de vacinação— , das fake news, do uso ilegal de sistema de monitoramento por integrantes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e das blitze montadas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) no segundo turno das eleições presidenciais.
Os delegados do setor ainda foram incumbidos de investigar a hostilidade ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), no aeroporto de Roma, na Itália.
A Polícia Federal tem uma área específica para conduzir investigações que tramitam no STF. Trata-se da CINQ (Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores), setor ligado à Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor).
A coordenação está esvaziada e com poucos delegados. Hoje, coordena principalmente a Operação Lesa Pátria, com foco em organizadores e financiadores dos ataques de 8 de janeiro de 2023, e inquéritos sobre desvios em obras custeadas com emendas, entre eles o caso do ministro Juscelino Filho (Comunicações).
Delegados ouvidos pela Folha afirmaram, sob reserva, que o desvirtuamento da diretoria de inteligência gera desajustes entre os setores da PF, retirando relevância do departamento responsável pelas investigações.
O ex-presidente Lula (PT) escolheu o delegado Andrei Rodrigues para assumir a direção da Polícia Federal (PF) após ele coordenar a segurança do petista durante sua campanha presidencial. Atualmente, a PF tem concentrado inquéritos relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro na Diretoria de Inteligência Policial (DIP), o que gerou uma mudança de foco na diretoria e aproximou as investigações sensíveis do diretor-geral da corporação, delegado Andrei Rodrigues.
A DIP, que antes se dedicava a questões relacionadas à segurança nacional, agora é responsável por investigações sobre as milícias digitais, fake news e outras questões sensíveis, enquanto a área que conduz inquéritos nos tribunais superiores está esvaziada.
Esta mudança tem sido criticada por desajustar os setores da PF e retirar relevância do departamento responsável pelas investigações. Por lidar com assuntos delicados, a DIP ficou mais próxima da direção-geral da PF e de inquéritos relacionados ao golpismo.