PGR e Moraes põem Abin de Lula sob suspeita; entenda
A desconfiança que recai sob ‘as novas gestões’ fez com que Moraes negasse o compartilhamento da investigação da Polícia Federal
A Procuradoria-Geral da República (PGR) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mantiveram sob suspeita a atual gestão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na fase mais recente da operação que investiga a “Abin paralela”.
A desconfiança em relação às novas gestões da Abin levou Moraes a negar o compartilhamento da investigação da Polícia Federal (PF) com a corregedoria da agência para a abertura de sindicâncias internas. No parecer enviado ao STF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que compartilhar as informações “não parece recomendável neste momento processual” devido à “aparente resistência identificada no interior” da Abin.
Gonet argumentou que não há urgência na abertura de procedimentos internos, como solicitado pela PF, sugerindo que as provas sejam compartilhadas apenas ao final das investigações. Ele destacou que ações das novas gestões da Abin indicaram uma intenção de evitar a apuração aprofundada dos fatos, levando à avocação do procedimento disciplinar pela Controladoria-Geral da União.
Prisões na Operação Última Milha
Na quinta-feira (11), a PF deflagrou a quarta fase da Operação Última Milha, prendendo dois ex-funcionários do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin no governo de Jair Bolsonaro (PL) e atual pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio de Janeiro. Ao determinar a prisão dos suspeitos, Moraes destacou que Gonet “reconheceu a possibilidade de interferência” nas investigações ao se opor ao envio da documentação para a Abin.
Reunião Suspeita
A desconfiança aumentou após um relatório da PF mencionar uma reunião em 28 de março do ano passado, em que Luiz Fernando Corrêa, ainda não diretor-geral da Abin, participou. Durante a reunião, Alessandro Moretti, então diretor-adjunto, teria afirmado que a investigação em curso tinha “fundo político”. A falta de normativos internos autorizando o compartilhamento de informações sigilosas com pessoas fora da Abin foi citada como uma irregularidade.
Demissões e Disputas Internas
A reunião mencionada também levou à demissão de Moretti no início deste ano, após a PF alegar que a direção atual da Abin interferiu no andamento da investigação. Segundo a PF, houve conluio entre parte dos investigados e a alta gestão da Abin, prejudicando a apuração dos fatos.
Servidores da Abin expressaram desconforto com Corrêa, afirmando que a gestão de Ramagem ainda não foi completamente esclarecida. A atual corregedora, Lidiane Souza dos Santos, indicada durante o governo Bolsonaro, teve seu mandato iniciado em 31 de agosto de 2022 e não deve ser renovado.
A disputa entre Corrêa e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, é outro ponto de tensão. As cúpulas das duas instituições têm se desentendido desde a transição de governo em 2022.
Novas Revelações
A quarta fase da Operação Última Milha revelou ações clandestinas da Abin durante o governo Bolsonaro contra integrantes do Judiciário e do Legislativo, além de tentativas de prejudicar a credibilidade das eleições. A PF indicou que ministros do STF, jornalistas e parlamentares foram monitorados, e discutiu-se medidas para proteger os filhos do ex-presidente Bolsonaro em inquéritos.