Polícia Federal foi ao STF contra acusações de Mauro Cid, diz chefe da PF
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, reagiu nesta sexta-feira (22/3) aos áudios em que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, fez duras críticas à corporação.
Rodrigues classificou as declarações de Cid como “graves acusações” e afirmou que a PF acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para que elas sejam esclarecidas.
“Fomos acusados, representamos ao STF para que as graves acusações sejam esclarecidas”, afirmou o diretor-geral da PF à coluna.
O que Cid disse nos áudios
Nas gravações, reveladas pela revista Veja, Cid critica a forma com que a PF conduziu seu interrogatório durante a colaboração premiada, sugerindo ter sido pressionado pela corporação a confirmar uma “narrativa pronta”.Play Video
“Eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu?”, afirma o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro em um dos áudios.
Em outra gravação, Cid critica Alexandre de Moraes. “Ele é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, afirmou.
Como noticiou a coluna, Cid confirmou a interlocutores a veracidade dos áudios. O tenente-coronel disse que as gravações seriam um “desabafo” com um amigo, cujo nome não se recordava no momento.
O que diz a defesa de Cid
Em nota, a defesa de Cid afirmou que os áudios seriam “clandestinos”, mas reforçou a tese de que o conteúdo “não passa de um desabafo” em que o militar relata o momento difícil e angústia pessoal pelo qual passa.
Os advogados dizem ainda que “não subscrevem” o conteúdo dos áudios e que as gravações, “de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada”.
“Narrativas”
Na semana passada, a coluna já tinha noticiado que Cid vinha reclamando do que chamava de “narrativas” da PF na delação. Por causa disso, o militar pediu à corporação acesso aos vídeos de seus depoimentos.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro reclamava de pelo menos dois pontos. Ele disse a aliados, por exemplo, que nunca teria afirmado, em depoimento à PF, que Bolsonaro tramou um golpe de Estado.
Outro ponto que Cid reclamava, nos bastidores, dizia respeito à investigação sobre a adulteração dos certificados de vacinação contra Covid-19 de Bolsonaro e da filha do ex-presidente, Laura.
O ex-ajudante de ordens negou a aliados que tenha dito à PF que Bolsonaro mandou adulterar os cartões. A interlocutores, Cid disse teria assumido sozinho a responsabilidade pela falsificação.
FONTE: Revista Oeste