
Promessa inflada? Número de famílias que receberão botijão grátis será menor que o anunciado por Lula
Governo prepara medida provisória, mas dados técnicos mostram que alcance do programa ‘Gás para Todos’ é menor do que o presidente prometeu
O governo Lula está finalizando os detalhes do programa social “Gás para Todos”, que promete distribuir botijões de gás de cozinha para famílias de baixa renda. A ideia é entregar um botijão a cada dois meses para quem está no Cadastro Único (CadÚnico).
Mas tem um detalhe que passou batido no discurso oficial: o número real de famílias atendidas deve ser bem menor do que o presidente Lula (PT) anunciou publicamente. Enquanto ele falou em 22 milhões de famílias, os técnicos do próprio governo estimam que o programa vai alcançar cerca de 16,7 milhões de lares, o equivalente a aproximadamente 60 milhões de pessoas.
O Palácio do Planalto estuda enviar uma medida provisória ao Congresso no segundo semestre para viabilizar oficialmente a criação desse benefício. O modelo atual, que repassa dinheiro para as famílias comprarem o gás (o chamado Auxílio-Gás), seria substituído pela entrega direta dos botijões, o que, segundo o governo, tornaria a política mais eficiente e menos sujeita a desvios.
🔥 Quando a fala não bate com os números
Na semana passada, durante um evento público, Lula voltou a falar que “serão 22 milhões de famílias beneficiadas”. Aproveitou o palco para disparar contra os preços do gás no Brasil, criticando a diferença entre o valor na refinaria e o preço final cobrado da população.
“Estão dizendo que o botijão custa R$ 120. Sabe quanto sai da Petrobras? R$ 37. Não tem explicação. Tem alguém ganhando muito dinheiro nisso”, reclamou o presidente, prometendo que o programa será anunciado ainda neste mês.
📉 Expectativa x realidade
Apesar do tom otimista de Lula, os bastidores do governo revelam que os técnicos trabalham com uma projeção bem mais pé no chão. A conta não fecha para atender os 22 milhões prometidos. O desafio, agora, é ajustar o discurso à realidade dos números, além de garantir que o Congresso aprove rapidamente a medida provisória que vai viabilizar o programa.