Quando a honra vira vergonha: Lula e a condecoração ao “Carniceiro de Damasco”

Quando a honra vira vergonha: Lula e a condecoração ao “Carniceiro de Damasco”

Quando a honra vira vergonha: Lula e a condecoração ao “Carniceiro de Damasco”Decisão de 2010 ainda ecoa como erro histórico na política externa brasileira

Em um momento em que líderes ocidentais comemoram a queda do ditador sírio Bashar al-Assad, Luiz Inácio Lula da Silva mantém um silêncio constrangedor. Afinal, foi ele quem, em 2010, concedeu ao tirano a maior honraria diplomática do Brasil, o Grande-Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, destinada a personalidades estrangeiras dignas de reconhecimento.

Um “amigo” controverso no Itamaraty
A honraria foi entregue a al-Assad em julho daquele ano, durante sua visita oficial ao Brasil. Lula justificou o gesto afirmando que a Síria era uma “sócia indispensável” para a pacificação do Oriente Médio. O ditador retribuiu os elogios, chamando Lula de “amigo” e destacando seus esforços para mediar questões como o programa nuclear iraniano.

No entanto, al-Assad já era conhecido como o “Carniceiro de Damasco” devido à repressão brutal ao povo sírio. Desde o início de seu regime, em 2000, ele seguiu os passos do pai, Hafez al-Assad, que governou por três décadas com um histórico de prisões, torturas e execuções.

Tentativas de corrigir o erro
Desde 2018, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) tenta revogar o decreto que concedeu a condecoração ao ditador. Segundo ele, é inadmissível que um criminoso de guerra ostente a maior honraria brasileira, especialmente em um país que se declara defensor dos direitos humanos e da democracia.

Cavalcante, apoiado por outros parlamentares, aponta os crimes de al-Assad, incluindo o uso de armas químicas contra civis, como razões para corrigir o que chama de “erro histórico”. O projeto está em análise na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, mas ainda não tem data para ser votado no Plenário.

A marca de um alinhamento questionável
A decisão de Lula em 2010 reflete o padrão de alinhamento com regimes autoritários que ainda levanta críticas. Segundo o relator do projeto, deputado Rodrigo Valadares (União-SE), a revogação da honraria é um passo essencial para reposicionar a diplomacia brasileira. “Lula escolheu lado, e não foi o lado da liberdade, da democracia e dos direitos humanos”, afirma.

A iniciativa de revogar a condecoração não apenas busca reparar a reputação do Brasil, mas também envia um recado de que não há espaço para homenagens a tiranos em um país que preza pela dignidade humana. Resta saber se o Congresso tomará a decisão de virar essa página na história.

Compartilhe nas suas redes sociais
Categorias