
Recuo no IOF: Haddad diz que decisão foi técnica e que Lula estava por dentro da negociação
Ministro da Fazenda afirma que medida estava sendo discutida há meses e que o recuo veio logo após perceberem o impacto negativo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou neste domingo (25), em entrevista ao jornal O Globo, que o polêmico aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) não foi uma decisão isolada. Segundo ele, a medida foi debatida diretamente com o presidente Lula e outros ministros envolvidos no tema.
— Isso foi discutido na mesa do presidente. É assim que funciona. O presidente convoca quem ele acha necessário para tratar de determinados assuntos. Faz parte da atribuição dele, disse Haddad, tentando esfriar os ânimos após a repercussão negativa.
O decreto, que elevava as alíquotas do IOF sobre operações de câmbio, foi divulgado logo após o anúncio de um bloqueio de R$ 31,3 bilhões nos gastos públicos. A reação do mercado foi imediata e pesada. Em poucas horas, o governo recuou da decisão.
Haddad fez questão de dizer que o recuo foi “puramente técnico” e que assim que surgiram alertas sobre os impactos da medida, ele convocou uma reunião emergencial, ainda que virtual, para preparar o ato que revertia o aumento.
— Primeiro, eu conferi com pessoas da minha confiança se as informações que estavam chegando faziam sentido. Assim que confirmei que havia, sim, um problema, reunimos a equipe para redigir o texto que corrigia o decreto, explicou.
O ministro reforçou que a revisão das regras do IOF já estava em estudo há bastante tempo dentro da Fazenda e que essa é uma prática constante no ministério — avaliar e, se preciso, ajustar medidas regulatórias.
A tentativa do governo de aumentar o IOF afetava diretamente quem faz remessas de dinheiro para o exterior. No decreto, por exemplo, a alíquota sobre envios para contas pessoais fora do país saltava para 3,5%, o que pesaria no bolso de muitos brasileiros.
O episódio revelou, mais uma vez, o dilema do governo: como equilibrar as contas públicas sem perder apoio popular — e, principalmente, sem prejudicar os planos de reeleição de Lula.