
Rede X questiona Moraes e tenta evitar censura total a perfis de Zambelli
Plataforma de Elon Musk considera a decisão exagerada e pede que apenas posts considerados ilegais sejam removidos, não os perfis inteiros
A rede social X (antigo Twitter), administrada por Elon Musk, enviou nesta segunda-feira (9) um pedido formal ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando que ele reconsidere ou suspenda a decisão que bloqueou completamente os perfis da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
No recurso, a empresa afirma que o bloqueio total é uma medida desproporcional, pois acaba afetando também conteúdos legais, protegidos pela liberdade de expressão. A X sugere que, se a decisão não puder ser anulada, ao menos se limite o bloqueio apenas às postagens consideradas irregulares — ou que seja estipulado um prazo para a suspensão das contas @Zambelli2210 e @ZambelliRita_.
A rede também propôs que, se o ministro não quiser reavaliar a questão sozinho, ele leve o caso ao plenário do STF para que a decisão seja debatida com os demais ministros.
Acusações graves e fuga do país
O bloqueio foi determinado no mesmo despacho em que Moraes ordenou a prisão preventiva de Zambelli. Segundo o ministro, a parlamentar vinha cometendo, de forma contínua, crimes contra o Estado democrático de direito, espalhando desinformação, atacando as instituições e questionando a lisura das eleições brasileiras.
A condenação, que partiu da Primeira Turma do STF, se baseia em sua participação no ataque hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de onde ela teria extraído e divulgado dados sensíveis com motivações políticas.
Desde então, Zambelli deixou o Brasil rumo aos Estados Unidos e depois declarou estar na Itália. Seu nome já consta na lista de difusão vermelha da Interpol, utilizada para localizar foragidos internacionais. Moraes já determinou que o Ministério da Justiça inicie os trâmites para solicitar sua extradição. A defesa, por sua vez, alega que ela está sendo alvo de perseguição política.
Liberdade de expressão ou afronta ao Judiciário?
Embora a condenação já tenha sido proferida, a execução da pena ainda aguarda a análise de recursos. O primeiro deles já foi negado de forma unânime na semana passada.
A iniciativa da X reacende o debate sobre o papel e os limites das redes sociais frente a ordens judiciais no Brasil, principalmente quando envolvem figuras públicas com mandato. Moraes tem cobrado das plataformas o cumprimento rigoroso das decisões judiciais, sob ameaça de multas.
Já a X mantém sua estratégia de resistência a bloqueios amplos, defendendo critérios mais específicos para a remoção de conteúdos, sempre com base na liberdade de informação. O embate entre a rede social e o STF mostra que, além da briga jurídica, está em jogo uma disputa sobre até onde vai o poder do Judiciário brasileiro sobre o que pode — ou não — ser dito na internet.