Reservas Internacionais do Brasil Caem 7,1% em 2024 com Alta do Dólar e Ação do Banco Central

Reservas Internacionais do Brasil Caem 7,1% em 2024 com Alta do Dólar e Ação do Banco Central

Venda de dólares no mercado à vista e saída de capital pressionam contas externas enquanto dólar dispara para R$ 6,17

O Brasil encerrou 2024 com uma redução significativa em suas reservas internacionais, que chegaram a US$ 329,7 bilhões – uma queda de 7,1% em relação aos US$ 355 bilhões registrados no ano anterior. Essa redução foi impulsionada por intervenções do Banco Central, que vendeu cerca de US$ 20 bilhões no mercado à vista em dezembro, em resposta à saída expressiva de recursos do país e à alta do dólar, que acumulou 27% de valorização, fechando o ano a R$ 6,17.

Venda Estratégica e Fatores Econômicos

Além dos US$ 20 bilhões vendidos diretamente, o Banco Central realizou leilões de linha – operações de empréstimo em dólares – que somaram US$ 15 bilhões. Esses valores, no entanto, retornam às reservas posteriormente. O então presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, justificou as operações como necessárias para evitar disfuncionalidades no mercado cambial, destacando que o BC não busca controlar o preço do dólar, mas garantir a estabilidade.

A disparada do dólar foi atribuída a uma combinação de fatores externos e internos, incluindo o aumento dos juros nos Estados Unidos, conflitos internacionais e incertezas sobre as contas públicas brasileiras. A eleição de Donald Trump e a desconfiança do mercado em relação ao pacote de ajuste fiscal do governo contribuíram para o cenário de instabilidade.

Reservas: Colchão contra Crises, mas com Custo

As reservas internacionais são uma espécie de poupança em moedas estrangeiras que protege o país contra crises externas e flutuações abruptas no mercado financeiro. Apesar de serem um ativo estratégico, economistas como Sérgio Gobetti apontam o “custo de carregamento” como um fator de preocupação. Esse custo, que pode chegar a R$ 40 bilhões anuais, reflete a diferença entre os juros baixos obtidos com investimentos externos e os altos juros pagos pelo governo no mercado interno.

Novo Contexto para 2025

Gabriel Galípolo, sucessor de Campos Neto no comando do BC, avaliou que o aumento do dólar no fim de 2024 não caracterizou um ataque especulativo, destacando que o mercado opera com dinâmicas complexas e posições divergentes. A política de câmbio flutuante continuará norteando as intervenções do BC em momentos de instabilidade.

Essa queda nas reservas e o comportamento do dólar em 2024 refletem os desafios econômicos e fiscais enfrentados pelo Brasil, que seguirá sob pressão para equilibrar suas contas e manter a confiança do mercado internacional em 2025.

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