USAID: Trump fecha agência que previa investir R$ 94 milhões na Amazônia

USAID: Trump fecha agência que previa investir R$ 94 milhões na Amazônia

A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), encerrada pelo ex-presidente Donald Trump no início de fevereiro, tinha planos de destinar pelo menos US$ 16,2 milhões (cerca de R$ 94 milhões) para projetos de conservação da Amazônia. O valor já estava aprovado, podendo crescer conforme a definição do Orçamento de 2025 pelo Congresso americano.

O fechamento da USAID gerou contestações na Justiça, deixando o futuro da agência incerto. Os recursos fariam parte de um pacote de medidas ambientais anunciadas pelo ex-presidente Joe Biden em sua visita ao Brasil em 2024. As informações foram obtidas por meio do site oficial do governo dos Estados Unidos, que detalha gastos federais.

Projetos interrompidos

O fechamento da USAID impactou diretamente diversas iniciativas ambientais. Entre elas, estava um investimento de US$ 9,2 milhões, aprovado em janeiro de 2025, para o programa “Alianças para a Amazônia”. Com duração prevista até 2030, o projeto seria conduzido pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), da Colômbia, que já havia promovido o desenvolvimento de 123 empreendimentos sustentáveis na região, protegendo cerca de 39 milhões de hectares da floresta.

Outra iniciativa afetada foi o programa “Tapajós para a Vida”, que receberia US$ 4 milhões para fortalecer a conservação e o uso sustentável de áreas protegidas na Bacia do Rio Tapajós. A WWF Brasil afirmou que o projeto buscava apoiar comunidades vulneráveis, oferecendo alternativas econômicas sustentáveis, como o turismo ecológico.

Havia ainda a previsão de US$ 3 milhões para a continuidade de programas de preservação já em andamento, financiados pela USAID desde 2023 e com previsão de duração até 2028. O Centro de Trabalho Indigenista (CTI), que recebia recursos para o projeto “Aliança dos Povos Indígenas pelas Florestas da Amazônia Oriental”, afirmou que aguarda um posicionamento oficial sobre a suspensão do repasse.

Impacto no combate a incêndios florestais

O fim da USAID também afetou programas voltados ao combate a incêndios na Amazônia. O Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios, conduzido pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) desde 2021, era uma dessas iniciativas. Ele promovia treinamentos para brigadistas brasileiros, em parceria com o Ibama, a Funai e o ICMBio.

Entre 2021 e 2023, foram realizados 51 cursos e treinamentos, formando mais de 3 mil profissionais, incluindo mulheres indígenas que passaram a atuar como brigadistas em seus territórios.

Fundo Amazônia e outras promessas

Outro investimento afetado foi o Fundo Amazônia, para o qual Biden havia prometido US$ 100 milhões durante seu governo. O repasse, previsto no orçamento da USAID para 2025, ainda depende de aprovação pelo Congresso americano. A agência justificou o investimento como “fundamental para fortalecer a parceria entre Brasil e Estados Unidos”.

Na última visita ao Brasil, Biden também anunciou outros investimentos ambientais, como o lançamento da Coalizão de Financiamento para Restauração e Bioeconomia e novos aportes para projetos de reflorestamento. O ex-presidente também firmou compromisso com o desenvolvimento de tecnologias de energia limpa na Amazônia e o combate à extração ilegal de madeira.

O encerramento da USAID levanta preocupações sobre a continuidade dessas iniciativas e os impactos para a preservação da Amazônia, reforçando o debate sobre a importância da cooperação internacional na defesa do meio ambiente.

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