Venezuela Intensifica Controle Digital e Bloqueia DNS, VPNs e TikTok

Medida restringe acesso à internet e afeta ferramentas usadas para contornar censura no país

No último dia 10 de janeiro, o governo venezuelano impôs um bloqueio a cerca de 40 serviços de DNS públicos, incluindo os populares “8.8.8.8” (Google) e “1.1.1.1” (Cloudflare). Além disso, redes privadas virtuais (VPNs) e o aplicativo TikTok também foram afetados. Segundo a organização VE sin Filtro, as restrições continuam em vigor até hoje (16).

Com essas medidas, os venezuelanos perderam o acesso a serviços que permitem contornar os bloqueios nacionais e acessar conteúdos censurados.

Bloqueios Noturnos e Impacto na Navegação

Além do bloqueio geral, a VE sin Filtro relatou que o uso do TikTok está sendo limitado a horários diurnos, com restrições aplicadas durante a noite em todo o país.

Thiago Ayub, diretor de tecnologia da Sage Networks, explicou o funcionamento técnico dessas restrições: “Para que haja comunicação pela internet, são necessários dois elementos: DNS e endereço IP. As autoridades realizam bloqueios em ambos. No caso de endereços IP, os serviços podem trocá-los, mas isso exige um DNS que não esteja sob controle da autoridade local para restabelecer a comunicação.”

Provedores locais, como CANTV, Movistar, Digitel, Inter, Supercable, Vnet, Airtek e G-Network, também participam ativamente no bloqueio, muitas vezes interrompendo conexões durante as manhãs e madrugadas.

VPNs Também Sob Restrição

O bloqueio afeta 21 serviços de VPN, dificultando ainda mais o acesso a conteúdos restritos. Entre os nomes impactados estão ExpressVPN, NordVPN, Proton VPN, Surfshark, TunnelBear e Windscribe.

Similaridade com o Brasil

Thiago Ayub ressaltou que a abordagem venezuelana é semelhante à usada no Brasil, onde autoridades técnicas ordenam o bloqueio de conteúdos por meio de provedores e operadoras. No Brasil, um mecanismo chamado “Lacre Virtual” está sendo testado para automatizar o processo, permitindo que a Anatel envie comandos diretamente aos roteadores e servidores DNS, sem necessidade de intervenção manual.

As medidas na Venezuela representam um aumento no controle estatal sobre o uso da internet, dificultando ainda mais a comunicação e o acesso a informações no país.