Vereadora Recebe Ameaças Após Propor Lei Contra Apologia ao Crime na Música

Vereadora Recebe Ameaças Após Propor Lei Contra Apologia ao Crime na Música

Projeto mira artistas que exaltam o crime e drogas com recursos públicos

A Câmara Municipal de São Paulo se tornou palco de um intenso debate após a vereadora Amanda Vettorazzo (União) apresentar um projeto de lei que proíbe o uso de recursos públicos para contratar artistas que promovam o crime organizado ou o consumo de drogas em suas músicas.

O alvo do projeto: o rapper Oruam

Amanda, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), declarou que o rapper Oruam foi a principal inspiração para o projeto. Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, a vereadora afirmou: “No que depender de mim, artistas como o Oruam ficarão proibidos de fazer show aqui na cidade de São Paulo com o meu e com o seu dinheiro, como na Virada Cultural.”

Oruam, um dos principais nomes do trap no Brasil, é filho de Marcinho VP, traficante condenado a mais de 50 anos de prisão, e sobrinho de Elias Maluco, responsável pela morte do jornalista Tim Lopes. O artista, de 23 anos, frequentemente exalta seu pai e seu tio em suas músicas, cujas letras incluem referências explícitas ao crime.

Reação de Oruam e ameaças à vereadora

Após a proposta de lei ser anunciada, Oruam reagiu em vídeos publicados no Instagram, onde possui 8,7 milhões de seguidores. Entre críticas e provocações, ele fez declarações interpretadas como ameaças, como: “É só tu não falar o meu nome, senão tu vai conhecer o capeta.”

O cantor também mobilizou seus seguidores, apelidados de “Tropa do 22”, a enviar mensagens à vereadora. Desde então, Amanda tem recebido ameaças de morte e registrou queixa na Polícia Civil de São Paulo.

Polêmica envolvendo o trap e recursos públicos

O gênero trap, uma vertente do rap, ganhou destaque nos últimos anos por letras que mesclam ostentação, sensualidade e apologia ao crime. Alguns artistas do gênero, como Oruam, WIU, Teto e Matuê, foram contratados pela Prefeitura de São Paulo para se apresentarem em eventos como a Virada Cultural, que em 2024 teve um custo de quase R$ 60 milhões.

O debate sobre o uso de dinheiro público para promover artistas cujas letras glorificam o crime e as drogas reacendeu questões sobre o papel da cultura e os limites do incentivo estatal.

Apoio e desdobramentos

Apesar das ameaças, Amanda Vettorazzo relatou ter recebido apoio de outros vereadores e da população. “Diversos parlamentares de outros estados estão discutindo propostas semelhantes”, afirmou a vereadora em suas redes sociais.

O projeto segue em discussão na Câmara de São Paulo, enquanto o caso levanta um debate mais amplo sobre a influência cultural da música e a responsabilidade do poder público no financiamento de eventos culturais.

Compartilhe nas suas redes sociais
Categorias
Tags