
Zambelli se diz perseguida e dispara contra Moraes: “Prisão ilegal e autoritária”
Deputada fugiu para os EUA após ser condenada pelo STF. Ministro ordenou prisão, bloqueio de contas, suspensão de redes sociais e inclusão na lista da Interpol.
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) reagiu com indignação à ordem de prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Condenada pela Corte, ela deixou o Brasil e atualmente se encontra nos Estados Unidos, mas já revelou que pretende seguir para a Itália.
Em nota, a parlamentar classificou a decisão como “ilegal, inconstitucional e autoritária”. Segundo ela, a Constituição brasileira só permite a prisão de deputados federais em casos de flagrante por crimes inafiançáveis, o que, segundo afirma, não se aplica à sua situação.
“Nossa Constituição é clara. Não estou em flagrante e não cometi crime inafiançável. Essa decisão é um ataque à democracia e aos meus direitos”, declarou.
Moraes aperta o cerco
Ao determinar a prisão imediata de Zambelli, Moraes também ordenou que a Polícia Federal inclua o nome dela na lista vermelha da Interpol, o que permite sua captura em qualquer país. O ministro argumenta que a deputada “mantém, de forma insistente e confusa, uma conduta criminosa”, espalhando notícias falsas, atacando as instituições e questionando a legitimidade das eleições.
Além da prisão, Moraes impôs um bloqueio total: passaportes, incluindo o diplomático; salários e benefícios como deputada; veículos; contas bancárias; PIX e até as redes sociais da parlamentar foram suspensas. Caso ela volte a postar conteúdos que caracterizem crime, foi estipulada uma multa diária de R$ 50 mil.
Filho também na mira
Zambelli não escondeu a revolta ao descobrir que até a conta do Instagram do filho, João Zambelli, de 17 anos, foi bloqueada.
“Ele não atacou só uma deputada. Atacou uma mãe. Isso é desumano”, protestou.
Dez anos de prisão e perda de mandato
No mês passado, a Primeira Turma do STF condenou Zambelli por unanimidade a 10 anos de prisão, além da perda do mandato, inelegibilidade e pagamento de multa. Ela foi acusada de ser uma das mentoras da invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde foram inseridos documentos falsos, inclusive um mandado de prisão contra o próprio Alexandre de Moraes.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) listou dez crimes atribuídos à deputada, incluindo falsidade ideológica, invasão de dispositivo informático e associação criminosa.
Tentando escapar pela cidadania italiana
Mesmo com cidadania italiana, Zambelli poderá ser alvo de extradição, já que Brasil e Itália possuem acordos de cooperação penal. Apesar disso, ela segue desafiadora:
“Eles podem acionar a Interpol, mas não me tiram da Itália. Sou cidadã italiana. Só a justiça de lá poderia me prender”, afirmou em entrevista à CNN Brasil.
Advogado abandona o barco
Diante do agravamento da situação, até seu advogado, Daniel Bialski, decidiu abandonar a defesa.
“Por razões de foro íntimo, estou me desligando do caso”, anunciou.