
Bolsonaro questiona credibilidade de delação e pede anulação em meio à investigação da tentativa de golpe
Ex-aliado do ex-presidente, Mauro Cid, é alvo de polêmica após mensagens atribuídas a ele colocarem em dúvida seu acordo de delação premiada no STF.
Na segunda-feira (16), a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para anular o acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. O militar é um dos principais delatores da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado e teve seus depoimentos questionados depois que mensagens, atribuídas a ele em um perfil de rede social, vieram à tona.
Na última semana, a revista Veja divulgou conversas que supostamente teriam sido enviadas por Cid usando um perfil identificado como “GabrielaR702”. Durante seu interrogatório no STF, o advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, questionou o tenente-coronel se ele havia discutido o conteúdo da delação com outras pessoas pela internet — o que Cid negou.
Os defensores do ex-presidente alegam que essas mensagens expõem a falta de confiança na delação de Mauro Cid e pedem ao STF que anule o acordo. Na sexta-feira anterior, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Meta, dona do Instagram, apresentasse em até 24 horas os dados cadastrais do perfil suspeito — até agora, a empresa não se manifestou.
Cid, que foi o primeiro interrogado do chamado “Núcleo 1” pelo ministro Alexandre de Moraes, confirmou ter participado das reuniões onde se discutia a estratégia para tentar manter Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022. Mesmo assim, tentou se afastar da responsabilidade direta, dizendo que apenas testemunhou os fatos por estar próximo do ex-presidente.
Segundo o tenente-coronel, Bolsonaro estaria obcecado em encontrar uma fraude nas urnas eletrônicas para gerar caos social e convencer os comandantes militares a aderirem ao plano para reverter o resultado das eleições, nas quais sua chapa perdeu para o adversário.