
Bolsonaro volta ao Nordeste para reaquecer sua base e empurrar PL rumo a 2026
Após internação e interrogatório no STF, ex-presidente retoma série de visitas para tentar expandir apoio em redutos lulistas e impulsionar aliados como Rogério Marinho
BRASÍLIA – Jair Bolsonaro (PL) está de volta à estrada. Nesta quinta-feira, 12, o ex-presidente retoma sua caravana política pelo Nordeste, interrompida em abril após ele passar por uma cirurgia no intestino. A viagem, batizada de “Rota 22”, tem como missão abrir caminhos em uma região onde Lula (PT) ainda reina em popularidade.
A estratégia é clara: reconquistar terreno em cidades que deram a vitória ao petista em 2022, mostrando obras da sua gestão e se conectando com a população. E, de quebra, fortalecer a imagem do senador Rogério Marinho (PL-RN), braço direito de Bolsonaro no Estado e articulador da iniciativa.
Diferente da primeira fase da turnê, que começou no interior, o retorno agora começa por Natal, capital potiguar. Bolsonaro deve receber dois títulos honorários — de cidadão natalense e norte-rio-grandense — na Câmara Municipal. Em seguida, visita a orla da Praia de Ponta Negra, reformada recentemente.
A agenda segue apertada: depois de Natal, Bolsonaro pretende passar por Tangará, Santa Cruz, Jucurutu e Mossoró. Foi justamente em Santa Cruz, em abril, que ele precisou ser internado às pressas após sentir fortes dores abdominais. Ele pretende revisitar o hospital onde foi atendido, assim como o de Natal.
Em Tangará, haverá uma parada simbólica: uma pastelaria à beira da estrada, ponto tradicional de encontros com apoiadores — cena perfeita para vídeos espontâneos e aplausos na internet. A ideia é mostrar que, mesmo nos redutos petistas, Bolsonaro ainda é bem recebido por parte da população.
Enquanto isso, o PL incentiva apoiadores a se organizarem por grupos de WhatsApp para promover os eventos e divulgar materiais. Um dos grupos, intitulado “Acompanhe o Bolsonaro no RN!”, já somava centenas de membros.
Essa movimentação também serve como combustível para Rogério Marinho, que concilia sua atuação como líder da oposição no Senado com o comando do diretório nacional do PL. Ao lado de Bolsonaro e do deputado Sargento Gonçalves, ele reforçou o tom combativo nas redes: “Estamos voltando para terminar o que começamos.”
Durante interrogatório no STF, na última terça-feira (10), no processo sobre tentativa de golpe, Bolsonaro fez questão de citar sua viagem ao Nordeste e até se ofereceu para mostrar a Moraes imagens do carinho que diz receber nas ruas. “Posso mandar umas fotos da recepção do povo”, sugeriu. O ministro recusou com um seco: “Eu declino.”
O giro pelo Nordeste marca mais uma etapa de tentativa de reconstrução política de Bolsonaro, agora em meio a um cenário judicial delicado. Desde sua alta médica, em maio, ele tem alternado agendas públicas com idas frequentes ao noticiário — nem sempre por bons motivos.
Se a intenção é pavimentar o caminho de volta ao centro do poder em 2026, o ex-presidente parece apostar num velho conhecido: o corpo a corpo, a saudação nas calçadas e o discurso de que ainda tem respaldo popular, mesmo quando as urnas dizem o contrário.