
De “ressonância da direita” a aliado de Lula: a guinada política de JHC
Prefeito de Maceió troca PL por PSD de olho em verbas federais e na indicação de sua tia ao STJ
O prefeito reeleito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), surpreendeu ao anunciar sua saída do PL, partido pelo qual se reelegeu em 2024 com expressivos 83% dos votos. Agora, ele está migrando para o PSD, um dos pilares da base do governo Lula. A decisão não foi apenas uma questão partidária; ela reflete uma estratégia política bem calculada, mirando recursos federais e a possível nomeação de sua tia, Maria Marluce Caldas Bezerra, para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A mudança de partido foi articulada em uma reunião no último fim de semana com os prefeitos Eduardo Paes (Rio de Janeiro) e João Campos (Recife), ambos influentes em suas legendas. Embora tenha considerado retornar ao PSB, onde já foi filiado, resistências dentro do partido em Alagoas o levaram a optar pelo PSD, liderado por Gilberto Kassab.
Recursos e alianças estratégicas
Um dos motivos que pesaram na decisão de JHC foi a questão financeira. Em breve, Maceió receberá a última parcela de R$ 250 milhões de um acordo de R$ 1,7 bilhão com a Braskem, como indenização pelo desastre ambiental causado pela empresa. Com o fim desse fluxo de caixa, o prefeito vê na aliança com o governo federal uma oportunidade para manter investimentos na capital alagoana.
Curiosamente, foi para se alinhar ao então presidente Jair Bolsonaro que JHC deixou o PSB pelo PL em 2022. Na época, ele exaltava o papel de Maceió como um bastião da direita no Nordeste. Porém, ao se aproximar do governo Lula, busca agora abrir portas para projetos futuros e fortalecer sua gestão com recursos federais.
A vaga no STJ e a força dos laços familiares
Outro objetivo de JHC é apoiar sua tia, a procuradora Maria Marluce, na disputa por uma vaga no STJ. Considerada uma figura materna para o prefeito, Maria Marluce surpreendeu ao figurar na lista tríplice para o cargo, superando nomes de peso como Raquel Dodge e Hindemburgo Chateaubriand.
Apesar disso, a antiga ligação de JHC com o PL é vista como um obstáculo nos bastidores do governo Lula, onde ela enfrenta resistência por conta da associação com o bolsonarismo. A mudança de partido, no entanto, pode fortalecer sua candidatura, especialmente com o apoio de figuras influentes como o ministro Humberto Martins, também alagoano.
JHC, que já foi um símbolo da direita no Nordeste, agora traça um novo caminho político. Sua guinada evidencia como alianças e interesses regionais moldam as estratégias políticas no Brasil, revelando a complexa dança de poder que se desenrola nos bastidores de Brasília.
Fonte e Créditos: O Globo