Glauber Braga Completa Uma Semana em Greve de Fome em Protesto Contra Possível Cassação na Câmara

Deputado do PSOL desafia processo por quebra de decoro e busca solução política. Sua esposa, deputada Sâmia Bomfim, se empenha em buscar alternativas antes da Páscoa.

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) completou, na madrugada desta quarta-feira (16), uma semana em greve de fome como protesto contra o processo que pode resultar na cassação de seu mandato na Câmara dos Deputados.

A denúncia contra Glauber, movida pelo Partido Novo, acusa o parlamentar de quebrar o decoro ao agredir fisicamente um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) e forçá-lo a deixar as dependências da Câmara. O Conselho de Ética, após reunião prolongada no dia 8 de abril, deu andamento à cassação por maioria de votos, considerando haver indícios suficientes para tal decisão.

Glauber, que iniciou o jejum durante a reunião, denuncia a parcialidade do relator Paulo Magalhães (PSD-BA) e classifica o processo como uma perseguição política, apontando a influência do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no caso. Segundo o deputado, a expulsão do militante do MBL seria uma retaliação orquestrada por Lira.

Há mais de 168 horas sem se alimentar, Glauber tem permanecido no local de trabalho, sendo monitorado por profissionais de saúde. Apesar de sua fragilidade física, o deputado não desiste do protesto, alegando que sua missão é mais importante do que o desconforto do jejum.

A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), que visitou Glauber, destacou que o estado de saúde do parlamentar tem se deteriorado, com a perda significativa de peso e o surgimento de dores. No entanto, Glauber permanece firme em sua decisão, alegando que continuará até que uma solução seja encontrada.

Além do recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que pode suspender o processo, a defesa de Glauber avalia a possibilidade de levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). Entretanto, a preferência é por uma solução política dentro da Câmara.

Sâmia Bomfim, esposa de Glauber e deputada pelo PSOL-SP, tem trabalhado para costurar um entendimento entre lideranças da Casa, buscando evitar a cassação. Ela acredita que a pena é desproporcional e que uma saída política deve ser encontrada, especialmente considerando a situação humanitária do jejum do parlamentar.

Enquanto isso, a liderança do PSOL e aliados políticos seguem articulando negociações, com a esperança de encontrar uma solução antes da Páscoa. A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) enfatizou que a tentativa de cassação de Glauber representa uma ameaça à liberdade democrática e aos direitos parlamentares, com repercussões para toda a esquerda brasileira.

O processo que pode levar à cassação de Glauber Braga remonta a um conflito ocorrido em abril de 2024, quando o deputado envolveu-se em um desentendimento físico com o militante Gabriel Costenaro, do MBL, e com o deputado Kim Kataguiri (União-SP), gerando um clima de tensão dentro da Câmara. Glauber justificou a agressão como uma reação às provocações dos membros do MBL, incluindo ofensas à sua mãe, que faleceu pouco depois do incidente.