
Lula foi alertado sobre importunação de Silvio Almeida a Anielle Franco, diz revista
Presidente teria recebido avisos meses antes da denúncia vir a público; ex-ministro nega acusações
Uma reportagem da revista Piauí revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi avisado por pelo menos quatro pessoas sobre episódios de importunação sexual que teriam sido cometidos pelo então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, contra a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Os alertas teriam ocorrido meses antes do caso ser divulgado pelo portal Metrópoles.
De acordo com a Piauí, uma dessas conversas aconteceu seis meses antes da denúncia vir a público, em setembro de 2024. Outra fonte, identificada como um amigo de Anielle dentro do PT, afirmou que soube do caso dez meses antes e, posteriormente, levou a informação a Lula. O presidente, por sua vez, teria pedido ao ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Carvalho, que conversasse com Almeida sobre o assunto.
No dia seguinte à publicação da denúncia, Silvio Almeida foi exonerado do cargo. Ele nega as acusações e as classificou como “ilações absurdas”. Na semana passada, o ex-ministro prestou um depoimento de duas horas à Polícia Federal (PF), que está investigando o caso.
Detalhes das acusações
Segundo a revista, o primeiro episódio de importunação teria ocorrido em um jantar no dia 30 de dezembro de 2022, dois dias antes da posse de Lula. Na ocasião, Almeida teria elogiado Anielle de forma inadequada, dizendo: “Nossa, como você está linda e cheirosa hoje”. A ministra agradeceu e se afastou.
Quatro meses depois, durante uma viagem oficial de Lula a Portugal, o então ministro teria feito comentários mais explícitos, afirmando que Anielle lhe causava “tesão”. O comportamento teria se repetido ao longo das semanas seguintes, até um momento mais grave, em maio de 2023, quando Almeida teria colocado a mão na coxa de Anielle durante uma reunião de trabalho.
A ministra relatou os episódios a diversas autoridades do governo, incluindo Vinicius Carvalho (CGU), Alexandre Padilha (então ministro de Relações Institucionais), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Esther Dweck (Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos). Além disso, a primeira-dama Janja da Silva, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e os presidentes do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, e do BNDES, Aloizio Mercadante, também teriam sido informados.
Em uma conversa com Vinicius Carvalho, em agosto de 2024, antes do caso se tornar público, Almeida teria negado qualquer tipo de assédio ou importunação.