
Lula leva mega comitiva ao funeral do Papa Francisco — Viagem reuniu mais de 90 pessoas e custa gera questionamentos
Além de ministros, parlamentares e assessores, presença de figuras como Janja, Dilma, Barroso e até a tesoureira do PT chamou atenção. Custos seguem em parte sob sigilo.
A ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Vaticano, para o funeral do papa Francisco, não foi nada modesta. A comitiva brasileira levou, no mínimo, 92 pessoas, incluindo a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, ministros, parlamentares, assessores, seguranças e até convidados que, para muitos, nem deveriam estar lá.
Lula esteve em Roma e no Vaticano entre os dias 25 e 26 de abril. Além de participar rapidamente do velório e da missa de despedida do papa, também aproveitou a viagem para se encontrar com Julian Assange, fundador do WikiLeaks.
A maior parte da turma que embarcou tinha função de apoio — militares da Força Aérea Brasileira (FAB), responsáveis pelos voos, agentes de segurança e equipe médica do presidente. Só esse grupo somava 61 pessoas.
Na bagagem, Lula também levou jornalistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e membros da sua equipe de comunicação do Planalto. E, claro, não faltaram políticos: 12 parlamentares, incluindo os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, também fez parte da caravana. E não foi sozinho — sua namorada, a procuradora Rita Nolasco, estava ao seu lado.
No dia 25, Lula, Janja e alguns ministros passaram pela Basílica de São Pedro para uma rápida homenagem. Juntou-se a eles a ex-presidente Dilma Rousseff, que atualmente comanda o banco do Brics.
Entre os ministros presentes estavam Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
Curiosamente, a lista inicial divulgada pelo governo era incompleta. Só dias depois veio a revelação de que também estavam na viagem a tesoureira do PT, Gleide Andrade, e a própria namorada de Barroso — nomes que surgiram após pressão por mais transparência.
Outro nome omitido na primeira lista foi Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula e atual secretário Nacional de Economia Popular e Solidária.
Os dados levantados pela Folha de S.Paulo com base no Portal da Transparência, Painel de Viagens e no Siga Brasil apontam que as despesas oficiais com passagens e diárias já somam pelo menos R$ 433,5 mil. E atenção: esse valor não inclui os custos dos seguranças, que seguem protegidos por sigilo — uma prática que impede que o público saiba exatamente quanto saiu dos cofres públicos.
Parte dos integrantes foi em aeronave da FAB. Lula e Janja se hospedaram na embaixada brasileira em Roma, enquanto o restante da comitiva ficou espalhado pela cidade.
O funeral do papa, realizado no dia 26 de abril, reuniu 166 delegações internacionais, entre elas 50 chefes de Estado e dez monarcas, segundo informações do Vaticano. Durante a cerimônia na Praça São Pedro, Lula, ao lado de Janja, fez questão de reforçar sua admiração pelo pontífice, dizendo que sua presença era uma forma de reconhecimento pelos serviços prestados à humanidade.
Vale lembrar que, em 2005, quando Lula viajou ao funeral de João Paulo II, sua comitiva era bem mais enxuta — 16 pessoas, sem contar a equipe de apoio, incluindo líderes religiosos e os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney.
O papa Francisco, primeiro pontífice latino-americano, faleceu em 21 de abril, aos 88 anos. No dia 8 de maio, o cardeal americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito o novo papa e escolheu o nome de Leão XIV. Já na missa que marcou o início oficial do papado, no dia 18 de maio, quem representou o Brasil foi o vice-presidente Geraldo Alckmin, que aproveitou para entregar um convite de Lula para que Leão XIV participe da COP30.
Diante da repercussão, a Secretaria de Comunicação (Secom) do Planalto emitiu nota dizendo que Lula é sempre acompanhado por três tipos de comitiva: oficial, técnica e de apoio. E deixou claro: os nomes dos membros dos dois últimos grupos ficam sob sigilo por cinco anos, por “motivos de segurança”.
A Secom ainda afirmou que as viagens de Gleide Andrade e Rita Nolasco não tiveram custos pagos com dinheiro público — o que, claro, não impediu que a polêmica ganhasse força.